Bogotá. O que faz o nome da capital colombiana no toldo de uma cervejaria na Amadora? Carlos Pires, o atual proprietário da casa fundada em 1943, tem uma teoria: terá sido inspiração do fundador, que teve uma paixão ardente por uma namorada colombiana.
Por estes dias, a casa amadorense é lar de outra paixão ardente: a dos clientes pelos seus pregos, que não raras vezes provocam a acumulação de filas à porta. Quase sempre, o objetivo é pegar e comer a andar. Isto porque naquele pequeno espaço, guiado por um balcão de uma ponta à outra, só há lugar para 17 pessoas sentadas. Mas a falta de poiso não é motivo para os clientes regulares (e os novos também) deixarem de considerar o Bogotá uma referência.
Não há ninguém que viva na Amadora que não tenha passado pela cervejaria com traços de tasca tradicional, quanto mais não seja para acalmar a secura com uma imperial fresquinha. Localizada numa das praças mais movimentadas da cidade, a cervejaria é ponto de encontro de locais e muitos artistas que passam pelo Centro Cultural Recreios. O proprietário não gosta de revelar os nomes, porque para eles os “clientes são todos iguais”. Mas o que é certo é que lá vão para comer o aclamado prego ou um dos salgados que são outro chamariz da casa.
As horas tardias de fecho são também motivo de regozijo para os que procuram encher o estômago. “Estamos abertos até à meia-noite e meia, por isso, quando a fome aperta fora de horas, sabem que podem vir ao Bogotá”, diz à NiT o proprietário de 41 anos.
Está à frente da Bogotá há cerca de 10 anos. Tentou recuperar alguns pormenores históricos da casa, mas sem sucesso. “Há muita coisa que se perdeu”, explica. O que não mudou foi o espírito de “bom e barato”. Os pregos continuam a ser confecionados na chapa, com muito alho, e os croquetes continuam a ter a fama de serem os melhores dos arredores de Lisboa.
O segredo, diz Carlos Pires, é a equipa da cozinha, sendo que conseguiu agarrar uma das ajudantes da antiga gerência. “A Maria de Fátima tinha aprendido tudo com a antiga patroa, por isso conseguimos manter o receituário e servir tudo como sempre”, revela com orgulho.
A decoração também se mantém igual. Nas paredes há azulejos que datam de 1980 e se formos a ver é provável que as garrafas de whisky que continuam expostas também consigam contar histórias da mesma época. Para os clientes do costume, o importante é mesmo a manutenção da “essência, sabor e atendimento”. Sem grandes aventuras ou modernizações. “Temos passado de geração em geração. Temos muitos clientes que vêm lá hoje em dia e que já iam com os pais ou os avós”, explica o dono.
O prego é a estrela do menu e até já lhe valeu o cognome de “santuário dos pregos”. Mas há mais para além do bife de novilho com um gosto especial a alho, colocado dentro de um pão. Os pratos do dia, por exemplo, ainda trazem muitos clientes habituais à cervejaria.
“Vamos alterando, mas não pode faltar a dobrada, a mão de vaca com grão, arroz de pato, pernil assado no forno, ou a galinha de cabidela”, refere Carlos Pires. Os preços, esses também não variam há alguns anos. Dependendo o prato pode ir desde 8€ aos 12€. Para “abrir o apetite” não faltam os rissóis ou os croquetes, a salada de polvo ou o pica-pau, tudo servido com doses generosas.
As sobremesas, essas também são todas caseiras. “Arroz doce, bolo de bolacha, mousse de chocolate e pudim de ovos são as mais pedidas”, esclarece. O preço da sobremesa não terá qualquer impacto na escolha. Todas as opções custam menos de 3€.