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Elaine é viciada em brigadeiros: faz 150 por semana e ainda não enjoou

O negócio começou na pandemia e tem corrido de vento em popa. Brigadeiros individuais, e bolos com brigadeiro. Tudo bom e doce. Sem desculpas.

Elaine DelColo tem 47 anos e é italo-brasileira. Desde os 12 que faz (e come) brigadeiros de colher, e continua focada naquelas bolinhas doces com chocolate e leite condensado, cujo sabor docinho é, para muita gente, meio caminho andado para uma hiperglicemia.

“Sou a melhor amiga dos endocrinologistas”, diz Elaine, em tom de brincadeira, esclarecendo logo a seguir que a diabetes (ainda) não entrou em sua casa. E é obra, se pensarmos que começou a fazer brigadeiros para ela, e para os dois irmãos mais velhos, quando tinha 12 anos.

A empresária brasileira trocou o Brasil pelo nosso País com um objetivo definido: ficar cinco anos para ganhar algum dinheiro, e regressar à terra natal para montar o próprio negócio. Porém, apaixonou-se “por tudo” em Portugal, inclusivamente, pelo homem com quem se casaria há 20 anos e de quem tem um filho com nove.

“Mas não sou uma destruidora de lares”, alerta, acabando com qualquer segunda intenção. Veio com 21 anos, e a mãe não gostou da brincadeira. “Era muito novinha. Arrumei um namorado, casámo-nos e viemos. Mas tínhamos objetivos de vida diferentes e, no fim das contas, o nosso enlace acontecido por um motivo, que era vir para cá. Separámo-nos 3 anos depois”, conta à New in Amadora.

Elaine encontrou o amor algum tempo depois, com um homem já com experiência no setor da restauração. “Na pandemia chegámos a abrir uma pequena hamburgueria, mas acabámos por fechar. Mas, não sou mulher para ficar parada e foi aí que comecei a ser incentivada a fazer os brigadeiros, por amigos e familiares que já os conheciam.

Decidiu experimentar. Encomendou as caixas, fez os brigadeiros e começou a distribuí-los por amigos e familiares. Todos provaram e aprovaram. “Algumas pessoas já os conheciam e começaram a insistir comigo para criar uma página nas redes sociais. Com a ajuda de uns amigos, criei a página Contém Doçura, com boas fotos.” Entretanto, o negócio começou a crescer.

Brigadeiros para todos

Já tínhamos percebido, mas a doceira reforça, para não haver dúvidas que a sua especialidade “são os brigadeiros e alguns bolos, mas tudo direcionado aos brigadeiros”. E aponta exemplos: “Bolos com recheio de brigadeiro, com cobertura de brigadeiro. Trabalho com três tipos de massa de bolo: red velvet, bolo de chocolate e bolo de cenoura. Depois, as decorações são à vontade do freguês: brigadeiro com fruta, ou só fruta”, acrescenta.

Porém, Elaine DelColo não se dedica por inteiro aos pecados doces. “Tenho o meu trabalho das nove às 18 horas na área financeira, sou assistente, e ao fim de semana trato dos meus brigadeiros”, diz, acrescentando que o trabalho de escritório não é a faz mais feliz. “Se eu pudesse viver só dos brigadeiros, nem hesitava. Para já, ainda não é possível, mas acredito que, com a qualidade dos meus brigadeiros, e com a minha capacidade de trabalho, vou conseguir. Não sou mulher de desistir”, garante.

Faz brigadeiros desde os 12 anos.

A empresária diz que “há cada vez mais brasileiros em Portugal e os portugueses estão também cada vez mais recetivos a este tipo de doces”. “Aliás, o número de clientes tem crescido e a faturação também. A divulgação nas redes também ajuda, claro.”

A paixão pela cozinha começou cedo. Culpa de quem? Da mãe, claro, como acontece em 80 por cento dos casos. “A minha mãe começou a puxar-me para perto do fogão aos nove anos. Morava numa quinta e aprendi a cozinhar num fogo a lenha, fazia o arroz, o feijão. Depois, mudámos para a cidade e aprendi a fazer os brigadeiros de colher quanto tinha 11 anos, e passei a fazer para os meus dois irmãos.

As primeiras tentativas

Os primeiros brigadeiros que fez “saíram feiosos, não eram bonitos, não estavam redondinhos”. Além disso, a qualidade da matéria-prima conta muito. “Naquele tempo, nem chocolate usava, era tudo feito com Nescal, uma mistura achocolatada idêntica ao Nesquick. Hoje só trabalho com chocolate nobre, mas naquela altura era o que havia”, recorda à NiA, acrescentando que os workshops online que fez a ajudaram muito a elevar a qualidade dos seus produtos.

A Contém Doçura tem uma carta fixa com mais de uma dezena de opções. “Mas se um cliente fizer um pedido especial de grande escala, até posso fazer de cozido à portuguesa [ri-se].”

A doceira gosta de passar ao lado das modas. “Quando foi a febre do pistácio, não entrei nessa onda. Ficavam caros, e toda a gente fazia o mesmo”, explica. A lista fixa conta com 12 sabores. “Os mais vendidos são os de chocolate de leite, chocolate negro e doce de leite”, revela. Dento do lote dos mais extravagantes, destacam-se o de doce de café, doce de leite com canela e creme brullée.

Com toda a produção concentrada em sua casa, em Alfragide, Elaine DelColo tem o preçário bem definido. É possível encomendar caixas de seis (8,40€), oito (11,20€), 12 (16,80€), 25 (35€) ou 50 brigadeiros (65€).

As encomendam variam consoante a época do ano, mas, fazendo uma estimativa por baixo, as mãos de Elaine moldam cerca de 150 bolinhas de chocolate por semana. Basta aparecer uma encomenda de 50 brigadeiros para que o número dispare. Se ficou tentado a experimentar, pode fazer o seu pedido por telefone (910 880 210).

Carregue na galeria para ver alguns dos doces da Contém Doçura.

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