Quando há 11 anos e meio o restaurante Maria Azeitona abriu na Amadora, alguma coisa não batia certo. “Um restaurante sofisticado, de petiscos para partilhar, que de repente invadiu os guias e a imprensa nacional e trazia figuras públicas à Amadora?”, perguntava-se com ar de espanto. E, já se sabe, nestas coisas do marketing, a fama é um rastilho rápido. De repente, marcar mesa ao jantar na Maria Azeitona passou a ser um exercício delicado.
“Passaram quase 12 anos, a gerência da casa mudou, mas tudo o resto se manteve: o tipo de comida, os empregados, a sala de refeições, e a clientela fixa que, entretanto, multiplicou-se”, conta à New in Amadora a gerente do espaço, Denise Albuquerque.
A Maria Azeitona “pertence há três anos e meio” ao empresário Pedro Lopes, que, entretanto, expandiu o conceito, abrindo mais duas Marias Azeitonas, uma no Aeródromo de Tires e outra no Campo Pequeno. “Mas a base continua a ser aqui na Amadora”, assegura.
“O conceito mantém-se: boa comida portuguesa com um toque de sofisticação, que é assegurada pela cozinheira de sempre, a Mena”, que não só prepara os pratos para os clientes em sala, como para os muitos que recorrem ao take away e às plataformas de delivery.
“O serviço de entrega, naturalmente, veio alargar o leque dos clientes que passaram a conhecer e a aprovar a nossa comida, mas o nosso foco continua a ser ter a sala cheia. Nada nos dá mais prazer”, confessa Denise, que acrescenta que ao almoço a clientela é mais constituída por profissionais das empresas situadas ali à volta e ao jantar “mantém-se o sistema de turnos”: uma às 19h30 e outro às 21h30, com um público mais jovem.
Os clássicos de sempre da Maria Azeitona
Quem conhece o espaço, que tem 42 lugares sentados, sabe que a refeição não pode começar sem os ovos rotos, com linguiça de Barrancos e cebola crocante (8,95€). Denise concorda, mas explica o twist que a casa lhe deu. “Não são os ovos rotos típicos dos espanhóis, os nossos são com os ovos mexidos, que fica logo diferente.”
O mexilhão gratinado com Queijo da Ilha (7,95€), o queijo de cabra gratinado com frutos silvestres (7,95€), o choco frito à moda de Setúbal (9,95€), os ovos verdes (5,50€), os peixinhos da horta (6,45€) e o pica-pau (6,65€) são alguns dos best-sellers da longa lista de petiscos para partilhar.
O menu da Maria Azeitona também inclui pratos principais, mas Denise Albuquerque não esconde que “muitos clientes ou ficam-se pela partilha de petiscos, ou escolhem dois pratos para quatro e um conjunto de entradas”. “O conceito de partilha, de saborear enquanto se conversa, do prazer da mesa e da boa comida portuguesa é uma coisa muita nossa, que tem muito a ver com as nossas raízes — e é isso que gostamos de proporcionar aos nossos clientes”, assegura.

Ainda assim, olhemos para os pratos principais, porque há alguns “obrigatórios que são um crime perder”, brinca a gerente. “As lascas de bacalhau à Lagareiro com cama de broa e espinafres (15,90€) saem imenso, os filetes de pescada com arroz de ameijoas (12,90€) são fantásticos”.
Há ainda carnes, claro — que até tem o célebre bitoque lisboeta (9,50€), numa ementa que conta com duas saladas e duas opções vegetarianas, um risotto (9,90€) e um Brás de legumes (10,90€).
A crise no jornalismo mudou-lhe a vida
Com 45 anos, Denise mudou de vida há 12 anos. Foi jornalista durante 13, passou por redações como a “TV Guia” e a “TV 7 Dias”, entre outras publicações, antes de viver o início da crise no setor. Cansada da “instabilidade laboral e de novos projetos que, no início, prometiam muito, mas depois eram um balão cheio de nada”, deixou de resistir aos apelos do fundador da Maria Azeitona, seu amigo de infância, e integrou o projeto.
Com a mudança de administração, viu a confiança em si ser reforçada e passou a ser gerente. “É bom que os clientes nos conheçam, porque isso aproxima as pessoas, torna o ambiente mais familiar. Para nós, as pessoas são da casa”, assegura à NiA.
Apesar de trabalhar na restauração há uma década — ainda por cima com as funções que desempenha — Denise considera-se “um garfo razoável e não um bom garfo”. Ri-se perante o espanto. “É assim: adoro a nossa comida aqui da casa, conheço tudo, identifico os sabores, mas se alguém me convida para ir comer um cozido à portuguesa, fica a comer sozinho”, diz com uma gargalhada.
Não é por acaso. A antiga jornalista nasceu em Moçambique e a família é toda de origem goesa. “Tudo o que engloba caril, xacuti, um bom sarapatel, eu estou lá. Gosto de comida com sabores fortes, e com picante, claro.” Se gosta deste tempero picante, terá de o pedir à parte. Eles arranjam-lhe um bocadinho, garantimos.
Carregue na galeria e descubra os petiscos que pode comer na Maria Azeitona.