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O sósia de Jorge Jesus que vende mais de mil tartes de amêndoa por ano

A massada de garoupa é o prato-estrela no Segredos & Bastidores, em Alfragide. E o pretexto certo para chegar à sobremesa.
Uma fatia generosa servida com canela.

A expetativa era alta. Não só por causa das tartes de amêndoa, nem por causa do incrível balcão de peixes frescos e mariscos — mas porque nos haviam prometido que seríamos recebidos por uma “sósia de Jorge Jesus”. E quem tinha feito a promessa? O próprio. Não o treinador, claro, mas António Araújo, 53 anos, dono do Segredos & Bastidores, restaurante localizado na Quinta Grande, em Alfragide.

“Chamo-me António, mas toda a gente me conhece por Toni, ou pelo sósia do Jorge Jesus”, revela o empresário à New in Amadora. E explica porquê. “Tenho o cabelo como ele tem, tenho a cara parecida com a dele. Só não tenho o dinheiro que ele tem, isso é que dava jeito. Mas há muita malta que brinca comigo: ‘olha o sósia do Jorge Jesus’”. 

António trabalha na restauração há 33 anos. “O segredo é gostar do que se faz, é ter paciência para os clientes. Se se estiver aqui só por estar, se não gostarmos de comunicar, de falar com o cliente, não se aguenta e não se presta um bom serviço”, garante.

O empresário gosta muito. Está a almoçar com amigos quando chegamos ao restaurante. São quase quatro da tarde, convida-nos para nos juntarmos à mesa — já vimos almoçados. Pedimos-lhe que coma descansado, mas ele levanta-se quatro vezes: “Não gosto de fazer esperar as pessoas”.

“Olhe para esta categoria de balcão”, diz, orgulhoso, enquanto abre a pesada porta de vidro, para que possamos tirar fotografias àquela “obra de arte cheia de marisco variado e peixe fresquíssimo”.

Toni explica: “Tenho lavagante, tenho santolas, tenho sapateiras, tenho camarão, tenho perceves, tenho bruxas, tenho muita coisa. E depois, este peixe que vê. Vem de vários fornecedores de vários pontos do país: dos Açores, de Espinho, de Setúbal”.

“Os almoços são muito fortes”

O Segredos & Bastidores está aberto ao almoço e ao jantar de segunda a sexta-feira. Ao sábado serve almoços, mas fecha ao jantar e ao domingo, para descanso do pessoal.

“Os almoços são muito fortes, trabalhamos muito bem, porque Alfragide tem muitas e grande empresas. Portanto, todos os dias temos a casa cheia. Ao jantar é mais calmo, é uma clientela diferente, menos executiva, mais casais ou famílias”.

Quando pedimos a Toni para nos dizer quais são os pratos principais que mais vende, a resposta é célere: massinha de garoupa (17,5€ por uma dose para uma pessoa). “Tenho de a ter na lista todos os dias, porque todos os dias ma pedem. Se a retiro da lista, arranjo aqui um 31”, brinca.

A massinha não está sozinha. À sexta-feira, o arroz de lingueirão com tranches de garoupa (18€) tem clientela fiel e ao sábado o cozido à portuguesa (13,5€) também.

Agora que o bom tempo chegou, António vai fazer algumas alterações na carta. “Vamos continuar a ter a nossa cozinha tradicional portuguesa, mas vamos introduzir uns petiscos tipicamente portugueses. Mas não são aqueles petiscos moderninhos que agora toda a gente faz. Não, vamos ter moelas, saladinha de orelha de porco, pezinhos de coentrada, caracóis”.

Que ninguém separe o que o sacramento uniu — nem as tartes de amêndoa

Isto é tudo muito bonito, mas foi a tarte de amêndoa (4,5€ a fatia generosa) que nos trouxe aqui. “A melhor que já comi”, “a melhor tarte da amêndoa da Amadora”, “moro a 30 quilómetros e vou lá de propósito porque sei que o jantar vai acabar em tarte de amêndoa”. Estes são alguns dos testemunhos que a New in Amadora ouviu nos últimos dias.

Sai mais uma tarte.

“A tarte é brutal”, concede o dono do restaurante. Pelo que lhe dizem, claro. “Todas as sobremesas desta casa são feitas pela minha mulher, Susana. Ela não trabalha cá, tem a sua vida, mas faz-nos todas as sobremesas”. E enumera: “Farófias, mousse de manga, um bolo de ameixa com canela que as pessoas gostam muito e uma tarte de chocolate com pimenta rosa”.

Apesar de não ser guloso — “sou mais de comida a sério”, confessa. Toni gosta de todas as sobremesas que a mulher faz. Todas menos uma: a tarte de amêndoa. “É a nossa sobremesa campeã de vendas, temos pessoas que começaram a vir só por causa da tarte, outras que levam tartes inteiras para casa, toda a gente gosta menos eu”, conta, divertido.

Há uma razão: o Jorge Jesus de Alfragide não gosta de amêndoa. “Sei que a tarte é uma receita de família, tem uma forma especial de torrar as amêndoas, e um segredo lá dela, mas que também nunca tive curiosidade em saber porque não gosto de amêndoas”.

E o casal não se zanga com essa incompatibilidade quase fatal? “Não, porque eu adoro todas as outras que ela faz. Se não, estava bem arranjado”.

O sucesso é de tal ordem que António colocou um travão na venda para fora das tartes. “Teve de ser. Vendia muitas para fora, mas agora só vendo tartes inteiras para levar para casa a clientes habituais do restaurante, porque havia dias que a minha esposa fazia 10 a 12 tartes por dia. Não pode ser”.

Os números impressionam mesmo um leigo em tartologia: “Cada tarte dá nove fatias e todos os dias eu vendo no restaurante entre duas tartes e meia e três tartes. Só ao almoço vendo sempre uma tarte e meia ou duas”.

Se fizermos as contas a três tartes ao dia multiplicadas por 25 dias — descontámos as folgas — são 75 tartes de amêndoa por mês. Multiplicadas por 12 meses, são 900 tartes. “Só as consumidas no restaurante. Se vender 10 tartes por mês para fora — o Natal e a Páscoa são épocas mais fortes —, facilmente se chega a um número à volta das mil tartes, talvez até um pouco mais, por ano”.

Carregue na galeria para conhecer melhor o restaurante Segredos & Bastidores.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    av dos moinhos n 18 a
    2610-119 Amadora
  • HORÁRIO
  • De segunda a sexta-feira das 12h às 16h e das 18h às 23h
  • Encerrado ao sábado ao jantar e domingo todo o dia.
PREÇO MÉDIO
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