Não foi um passeio no parque. Antes pelo contrário. A votação para a escolha do melhor frango de churrasco da Amadora, que a nossa revista abriu no domingo, dia 6, durante oito dias, foi ganha pela churrasqueira A Rotunda, mas a vitória só se confirmou no último dia.
A Rotunda mereceu 22,43% dos votos dos leitores da New in Amadora que participaram no inquérito, com o segundo lugar a ser ocupado pela Padeirinha da Serra, que era líder até sábado de manhã, com 20%. Na terceira posição ficou a churrasqueira e take away Bom Gosto, que também chegou a comandar a votação, com 16,76% dos votos dos nossos leitores.
Este foi o top 3 da votação final, que incluía 18 churrasqueiras localizadas em todo o concelho, e representativas das seis freguesias da Amadora, que tem dezenas de casas especializadas nesse verdadeiro tesouro do património gastronómico português chamado frango assado
Uma casa com 30 anos
Na pequena churrasqueira A Rotunda, precisamente na rotunda de interseção entre a rua Cândido dos Reis e a avenida General Humberto Delgado, na Amadora, os três clientes presentes às 12h40 na terça-feira, 15, e o staff não falam de outra coisa.
O estabelecimento esteve fechado no domingo à tarde e na segunda-feira, portanto, é natural que os clientes habituais tenham ficado contentes com a notícia da New in Amadora. “Então, quer dizer que este frango que eu como há tanto tempo é o melhor da Amadora? Eu sempre tive bom gosto”, brinca um cliente.
José Augusto Neves, 58 anos, proprietário da churrasqueira, responde à letra: “Você tem bom gosto e nós temos bom frango”. Outro cliente entra na conversa e assegura que também votou na escolha. “Eu não sabia da existência desta votação, foi a minha nora que me disse”.
O dono, que há quatro anos comprou o espaço, que já era uma churrasqueira há 27 anos, agradece a colaboração e pergunta: “molho de limão ou picante?”, enquanto parte, com uma tesoura de trinchar o galináceo em pedaços pequenos para uma embalagem redonda de alumínio. “Limão, limão, que o vosso picante é de ir ao céu e voltar”, responde a cliente.
“A Rotunda existe há 31 anos, portanto, está muito fidelizada aqui na Amadora. Ainda por cima, está num local super central, numa das zonas mais movimentadas da cidade e essa foi uma das razões que me levou a comprar o espaço há quatro anos”, explica à New in Amadora o empresário, que já tinha fundado o Frango Beirão, em Vila Chã.
“Quem lá ficou foi o meu antigo sócio. Vendi-lhe a a minha parte, ele ficou lá e eu comprei esta”, adianta o responsável.
O negócio não podia correr melhor. “Vendemos todos os dias 150 a 170 frangos. Aos sábados, chegamos aos 200 e ao domingo, mesmo só trabalhando até ao almoço, são 130, 140, em média”.
Por isso, o resultado final da votação NiA deixou especialmente “satisfeito”. “Se as pessoas votam, é porque gostam do nosso frango assado. É sempre para as pessoas que trabalhamos”, garante, acrescentando que “este tipo de iniciativas ajuda a dar crédito à casa e a aumentar as vendas”.
O tempero e as brasas
José Augusto Neves diz que o tempero é um dos segredos do frango da Rotunda. “Nem é especial mérito nosso”, reconhece. “Este tempero é um bocado diferente do das outras churrasqueiras, mas já vinha do tempo dos outros senhores. Nós provámos, achámos que era bom e mantemos. É um tempero gosto e saudável”.
Leva limão, alho, sal, “várias coisinhas”. Os frangos “ficam a marinar de um dia para o outro para tomar o gosto”. “Há muita gente que mete só sal no frango e depois manda-o para a grelha, por isso é que o nosso é tão gostoso”.
O outro truque tem a ver com a temperatura. “A brasa tem de ser forte para manter o frango suculento. Em muitos sítios, o frango é seco porque quem está na grelha não sabe e deixa as brases muito fraquinhas. A brasa quanto mais fraca está, mais tempo demora a assar o frango e vai secando mais. Por isso é que, muitas vezes, o cliente compra um frango que até está douradinho, mas depois, em casa, quando o vai comer, ele está muito seco”, explica.
A vida de José Augusto e dos seus dois colaboradores é passada diariamente numa pequena casa cheia de fumo e a cheirar a frango assado. É caso para perguntar: na hora de comer, ainda conseguem ver frango no churrasco à frente?
“Claro que sim”, diz o empresário com um sorriso. “Pelo menos, uma vez por semana, à terça-feira, ou às vezes à sexta, comemos frango assado. É uma coisa que não enjoa, que é saudável, porque a carne frango é boa”.
Todos os dias, a equipa da Rotunda chega ao estabelecimento por volta das 7h30 para “abrir os frangos e preparar a marinada para temperá-los para o dia seguinte”. A partir daí, é começar a preparar os frangos para o almoço, acender as brasas e começar a assar, porque ao meio-dia já temos clientes à porta”.
Depois do almoço, “há um intervalozinho em que a casa fecha”, até às 17h30. Nessa altura, começa tudo de novo, com a preparação dos frangos para o jantar. Para quem gosta da versão no churrasco, não pode faltar o molho picante ou, em alternativa, “o de limão, que leva um pouco de margarina, para ficar aveludado”.
São quase 13 horas e a clientela vai-se sucedendo. Um homem ainda jovem vem encomendar sete frangos para o dia seguinte — “Todos com molho de limão. Ah, e ponha um com picante. Portanto, oito”. O cliente vê ainda os sacos de batata frita e pergunta o preço. “Tem ali as embalagens normais das batatas Ti-ti e depois tem estas, que também são da Ti-ti, mas que são ao peso e pode levar as que quiser”, explica, enquanto aponta para um cesto em cima do balcão.
“Só trabalho com esta marca de batata”, explica, logo a seguir, à New in Amadora. “É uma batata de qualidade reconhecida, estaladiça, saborosa. O espaço é muito pequeno para estarmos aqui a fritar batas. Aqui só fazemos arroz de cenoura e arroz branco”, adianta.
Além do frango de churrasco (11,90€, o quilo), a estabelecimento tem salsichas de porco e de peru, piano de porco e espetadas mistas, tudo para a grelha. “As salsichas e os pianos também se vendem bem, mas o frango é rei, de facto”.
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