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Da Amadora para o mundo, a paixão das “meninas dos cães” é um “ato de amor”

A 4Animals assume-se como “a primeira marca portuguesa para animais 100% artesanal”. E faz tudo o que a imaginação desafiar.
A imaginação não tem limites e a equipa da 4Animals adora um bom desafio.

Cátia e Mónica Gonçalves são irmãs e já nasceram na Amadora. “Os meus pais sempre viveram aqui e nós também aqui crescemos. É a nossa terra”. Sempre foram chamadas “as meninas dos cães”. Não é por acaso. “Sempre fizemos dog e cat sitting nas casas da vizinhança, sempre fomos muito ligadas aos animais e até havia quem jurasse que nós íamos ser médicas veterinárias”, conta Cátia, 40 anos, à New in Amadora.

Os prognósticos não se confirmaram, mas o amor pelos animais acabou por dar frutos. A culpa foi de Cindy, a cadelinha que adotaram durante o Pet Festival desse ano. “Foi ela que veio revolucionar o nosso mundo”, reconhece a educadora de infância — que tem a seu cargo 21 miúdos e concilia a sua atividade profissional com a 4Animals, a empresa da Amadora que espalha amor entre os patudos e os seus tutores. “Somos a primeira marca portuguesa de artigos para animais 100 por cento artesanal e personalizada”, arrisca Cátia, que acrescenta que a empresa “faz peças para qualquer animal”, sempre personalizadas.

As duas irmãs, que contam com a ajuda da mãe, dizem “não ao fast fashion”. “Gostamos de peças únicas, que sejam algo de singular, personalizado e adaptado às necessidades de cada animal”, sublinham.  “Gostamos de pensar que somos uma costureira ou alfaiate para animais. Os animais visitam-nos, nós tiramos as medidas e fazemos as peças para aquele patudo”, diz Cátia, que deixa claro que a empresa não trabalha só para cães. “Amamos todos os animais, não somos exclusivistas”, brinca. “Trabalhamos para cães, gatos, animais exóticos, como coelhos, furões, porquinhos-da-índia. Atualmente, até temos peitorais para aves”, refere.

Coletes, peitorais, mochilas, trelas, cintos de segurança, açaimes, capas, gabardinas impermeáveis, kispos, laços, lenços e chapéus, camas, transportadoras, máscaras de Carnaval, porta-chaves e até réplicas de animais — há de tudo, como na farmácia. A cadela Cindy, já se disse, foi o motor do negócio familiar. “Tínhamos perdido um cão muito recentemente. Quando a vimos no Pet Festival, decidimos adotar a cadelinha e começámos a fazer adereços para ela, porque não havia nada no mercado para o tipo de corpo dela”, recorda a empresária.

O sucesso foi quase imediato. “Íamos na rua e as pessoas apontavam para os peitorais e outros adereços e diziam: ‘Que giro. Onde comprou?’ E nós tínhamos de dizer que não tínhamos comprado, tínhamos sido nós a fazer”. A contra-resposta era quase sempre a mesma: “Deviam fazer para fora e vender”, conta Cátia, entre risos.

A amadorense não esconde o orgulho no trabalho de equipa. “É tudo feito por mim e pela minha irmã. A minha mãe também nos dá algum apoio, mas era um trabalho a quatro. Só que, infelizmente, o meu pai, que também ajudava, faleceu e agora ficámos as três”, recorda com saudade.

Na 4 Animals não entram máquinas. “Somos nós que executamos tudo, de forma completamente artesanal. Claro que usamos máquinas de costura, mas não existem máquinas para cortar nem para mais nada. Somos nós que marcamos, somos nós que cortamos e somos nós que fazemos tudo”, enfatiza à NiA. 

Até os desenhos são feitos pelas duas irmãs, que compram os tecidos disponíveis no mercado — algodão, flanela, tule, chifão — e depois fazem as conjugações que entendem adequadas. Perante o sucesso do feadback na rua, a ideia foi germinando na cabeça de Cátia e Mónica. Até que pararam e perguntaram-se: “porque não?”. E assim nasceu a empresa.

Na altura, diz, “não havia nada disto no mercado pet”. “Havia os tradicionais peitorais lisos, básicos, em tons muito neutros. Havia muito poucas marcas a arriscar em Portugal”, afirma a empresária.

Tutores querem imortalizar os seus animais

Elas arriscaram e “ainda bem”, assegura. “Está a correr muito bem, temos muitas encomendas, sobretudo nas feiras de artesanato e feiras pet onde vamos. Procuramos estar em várias. Pelo menos, uma vez por mês, estamos numa feira ou num evento maior. É lá que angariamos clientes e que vêm encomendas”, explica.

Os peitorais, coleiras e trelas são os pedidos mais frequentes para os animais, mas Cátia não tem dúvidas: o que mais sai da 4 Animals são “as réplicas de animais”. “As pessoas querem muito imortalizar os seus patudos e há sempre muitas encomendas de ofertas de ímans, estatuetas ou porta-chaves com os focinhos dos pets”. Mas há de tudo. “Há pessoas, por exemplo que gostam de casacos e vestidinhos para os animais. Desde que sejam seguros e confortáveis para eles, nós fazemos”.

Um ato de amor neste “atelier-boutique”

Amantes de animais desde sempre, Cátia e Mónica sabem que o que fazem é um ato de amor. “Creio que as nossas peças são o reflexo do amor que temos pelos animais”, conta, dando exemplo. “Neste momento, temos duas cadelitas, a Cindy, de 14 anos, e a Kika, de dez anos e meio, que resgatámos num dos mercados de artesanato em que estávamos. Ela teve alguns problemas médicos, mas recuperou e está connosco. Temos ainda duas rolas turcas. Uma com 24 anos e outra com 23”.

Cátia continua a viver na casa de família, com a irmã e a mãe. “Não temos filhos e continuamos as três juntas. Gostamos muito, podemos trabalhar em conjunto”, explica, acrescentando que é lá em casa que tudo é feito.

“Os meus pais já viviam na Amadora quando eu nasci. Sempre vivi aqui. Somos amadorenses de raiz, alma e coração. Não temos loja física, mas é tudo produzido na Amadora porque temos um pequeno ateliê muito artesanal cá em casa”.

Por enquanto, criar uma loja online está fora de hipótese. “Como disse, não apostamos no fast fashion, somos um atelier-boutique, um alfaiate, como gosto de dizer”, refere Cátia. Para ter uma loja online, “era preciso ter produção em série”, ideia recusada pelo clã.

Carregue na galeria e veja algumas das peças feitas artesanalmente pela equipa da 4Animals.

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