Tem um nome difícil de pronunciar: espondilite anquilosante. Foi por causa da doença, uma inflamação crónica das vértebras da coluna, que Susana Pinto, de 35 anos, transformou um hobby no seu negócio de vida e criou uma empresa de velas com cera de soja.
Na True Beauty Candle, uma empresa amadorense e, por enquanto, com venda apenas online, “todos os produtos são artesanais e feitos à mão, 100% naturais e com essências livres de toxinas”.
“Eu própria sou asmática e quis que as minhas velas fossem aptas para pessoas que, com os mesmos problemas do que eu, as pudessem utilizar. Ou seja, quem tem problemas respiratórios, alergias, ou bebés em casa, pode ficar descansado: as velas são seguras para utilização, porque apenas utilizam cera de soja e não a cera habitual, feita à base de parafina”, explica à New in Amadora.
A ideia das velas andava a germinar na cabeça de Susana desde 2023, mas a falta de tempo impediu-a de avançar tão rapidamente quanto queria. “Eu era esteticista e tinha muito trabalho. Só em 2024 é que avancei com o negócio, porque infelizmente eu sofro de espondilite anquilosante e, sendo esteticista, que envolve trabalho com as mãos e estar muito tempo em pé, fui obrigada a deixar o meu trabalho”.
O diagnóstico médico foi o gatilho que a fez avançar. “Achei que esta ideia que estava na minha cabeça — e que já era um hobby meu e que me traz bastante tranquilidade — era uma boa ideia de negócio”.
O trabalho é todo artesanal, garante Susana Pinto. “É feito tudo à mão, uma a uma. Não vai encontrar nada igual nem de compra ou revenda”. É a própria proprietária que as faz com as suas mãos.
“Não tive qualquer curso ou formação. Aprendi a fazer isto em vídeos do YouTube e com leituras. Sou uma autodidata”, conta à NiA, acrescentando que, “nos melhores dias”, já chegou a fazer 12 velas num só dia. “Tenho uma filha pequena com alguns problemas de saúde e a minha vida é dividida entre velas e médicos”.
Expectativa versus realidade
O negócio está a correr bem. “Graças a Deus”. Susana Pinto tinha estabelecido uma meta de vendas para 2025. “Era o primeiro ano completo que íamos estar com o negócio aberto e, portanto, achei que vender 100 velas no ano era um bom número”.
A realidade superou a expectativa. “Neste momento, com abril a meio, já vendi 90 velas, o que é excelente. Significa que, não só vou atingir o objetivo como, seguramente, o vou, pelo menos, duplicar”.
Basta olhar para as velas para perceber as razões do sucesso. “Para lá de serem em cera de soja, 100% natural, o aspeto das velas é muito bonito. Nós fazemos velas que se parecem com sobremesas e com gelados. Há uma cliente nossa que diz que somos uma pastelaria de cera”, ri-se.
A definição é boa. A True Beauty Candle está presente “online, através do Instagram”. “Estamos a criar o nosso site, que estará em breve online, espero eu. E estamos também em mercados por todo o lado, na Amadora, Oeiras e Lisboa”.

A imagem das velas chama a atenção nas feiras. “Os clientes vêm ter connosco porque pensam que estou a vender sobremesas ou gelados. Só depois, quando chegam à banca, é que percebem que não. Riem-se, fazem perguntas, cheiram e acabam por levar para experimentar”.
O best-seller é a vela de melancia. “Parece mesmo uma fatia de melancia e cheira a melancia de uma forma incrível”. A segunda vela mais vendida é de lavanda com um toque de jasmim, e a terceira é a de café com natas, “que cheira a café torrado e é feita numa chávena”.
O preço das velas varia consoante os tamanhos: as maiores custam 18€, as mais pequenas ficam por 14€.
“Uma das características da nossa marca é que todas as velas podem ser personalizadas. Elas têm sempre aquele toque de ‘chantilly’, onde colocamos o nome da pessoa e o cliente pode escolher se quer o ‘chantilly verde ou azul ou outros adereços em cera para adornar a vela”, exemplifica.
Velas mais duradouras que as normais
A empresária, que sempre gostou de trabalhos manuais, faz a coisa com minúcia. “Uma vela demora cerca de quatro horas a ser feita”, explica. “Se tiver decoração, temos de contemplar o tempo que demora a decoração, de cerca de um hora a solidificar. O ‘chantilly’ é colocado no copo da vela com um saco de pasteleiro para criar aquele efeito ondulado, como se tivéssemos a decorar um cupcake”.
As velas são perfumadas, mas com essências livres de toxinas e com uma duração maior do que as velas normais. “A cera de soja tem uma queima mais lenta e uma absorção muito mais intensa da fragrância”.
O que as clientes lhe dizem é que, numa casa de dimensão normal, “se a vela estiver acesa na sala, toda a casa é banhada pelo perfume”.
No horizonte de Susana está a abertura de uma loja física. “Sinto que vai acabar por fazer falta, embora ainda tenha algum receio. Primeiro, quero estabilizar o negócio e depois, sim, ter uma renda fixa de uma loja, mas para o que quero fazer, preciso mesmo de um espaço”.
E o que quer fazer a empresária? “Um centro de formação onde possa dar workshops. Tenho muitas ideias e tenho muitas clientes que me pedem que partilhe o meu conhecimento. Isso vai acontecer, resta saber quando”.
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