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Pocco: a nova marca portuguesa de streetwear para “pessoas livres”

Gil, o fundador, quer criar uma comunidade onde todos são estrelas. Começou pelo vestuário, mas não vai ficar por aí.
Gil tem 23 anos.

Numa das entrevistas dadas em vida por La Veneno, uma mulher transgénero que se tornou um ícone televisivo em Espanha, nos anos 90, a estrela lançou a frase “tú ves poco a poco, así en plan niñata”. Que, para muitas pessoas, é o mesmo que dizer que, na vida, devemos ir aos poucos, um passo de cada vez, mas sempre com a atitude necessária.

A afirmação que surge na série da Max “Veneno“, baseada na vida de Cristina Ortiz (nome real da artista), serviu de inspiração a Gil Teotónio. Confrontado com as dificuldades da mudança para Barcelona com o namorado, refugiou-se na ficção e encontrou nesta produção uma antiga vontade “de conquistar o mundo.”

“Podemos esperar muito tempo, mas o nosso momento vai chegar. É como vivo a minha vida”, explica o jovem, de 23 anos, à NiT. Com este mantra sempre presente, decidiu tirar um sonho antigo da gaveta e, apesar dos receios, lançou a marca que planeava há vários anos.

Fundada a 13 de dezembro, a Pocco surgiu no mercado com propostas de streetwear com um design gráfico e minimalista. Não será, contudo, apenas uma etiqueta de vestuário. “É uma comunidade de pessoas com os mesmos valores e amanhã, se fizer sentido, posso lançar algo completamente diferente”, acrescenta.

Apesar do gosto pela moda, Gil nunca estudou design. O criador de conteúdos começou por formar-se em Ciências da Comunicação, no Porto, mas não gostou do curso e acabou por trocar, entrando mais tarde em marketing. Ao mesmo tempo, trabalha como modelo em regime freelancer.

“Aos 12 anos, já ficava vidrado a ver vídeos de desfiles de moda no YouTube. Já escrevia peças de teatro, inventava livros e existia esta vontade de ter uma plataforma para passar uma mensagem”, continua. “Como sentia que nunca arranjava as palavras certas, comecei a expressar-me através da roupa.”

Gil encontrou os holofotes que procurava ao publicar vídeos no TikTok, que acabaram por viralizar. Com o mesmo objetivo de ganhar mais visibilidade para desenvolver projetos na moda — ainda sem o conceito da Pocco presente — participou na edição de 2024 do “Big Brother”. “Nunca quis ser visto por muita gente, mas pelas pessoas certas.”

 
 
 
 
 
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Sob o slogan “get ready to become a star”, é precisamente uma estrela rosa e marcante que surge não só nos primeiros hoodies e T-shirts da marca, mas também no logótipo. “Digo sempre que sou uma estrela, porque sinto que todos somos. Todos temos algo dentro de nós e as peças podem passar essa mensagem.”

Apesar de ter como público-alvo pessoas jovens, que gostem de um estilo oversized e descontraído, o fundador sublinha que não é para toda a gente. “Há pessoas que não são Pocco, porque é uma marca para pessoas livres. E, quando se fala de liberdade, não há espaço para quem fere a liberdade dos outros. Essas pessoas não são bem-vindas na comunidade.”

Um dos pilares da marca é também a qualidade. Todas as peças são feitas 100 por cento algodão com bordados à mão, numa fábrica em Barcelos, no norte do País. Gil encarrega-se de ir regularmente à confeção e é sempre acompanhado pelo pai, que, juntamente com a mãe, o tem apoiado neste caminho. “Compraram logo uma peça de cada modelo.”

Apesar do risco, já que o jovem revelou, num vídeo partilhado no TikTok, que investiu quase todas as poupanças neste negócio, foi incentivado pela família e pelos amigos. “Sei que ficaram ligeiramente preocupados, mas nunca deixaram de torcer para que tudo desse certo.”

Embora, numa fase inicial, tenha tentado seguir um design mais simples e abrangente, que todos podem usar, Gil também quer apostar em criações mais extravagantes. Sem revelar os próximos passos, afirma que vai ter em mente silhuetas e tecidos com detalhes mais arrojados.

Apesar destes planos, a génese da marca mantém-se inalterável. “A Pocco nasceu para fazer parte do mundo urbano. É da rua, das pessoas e dos outsiders”, afirma, sobre as inspirações de Niñata, a primeira coleção do projeto.

Ainda a encontrar um lugar no mercado, Gil quer alargar a equipa, para “partilhar este borbulhão de ideias” com mais pessoas, e chegar a pontos de venda físicos, em locais como Lisboa, Porto ou até Barcelona. “É uma marca que grita ‘cidade grande'”.

Todas as peças estão disponíveis no site da Pocco, com preços que variam entre os 39,97€ e os 79,97€.

Carregue na galeria para conhecer algumas das propostas.

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