Desde que foi lançada na Netflix a 14 de dezembro, a série “1992” tem recebido várias comparações com “Dexter”. Afinal, ambas têm um assassino em série moldado por traumas de infância e que, ao longo da vida, encontram mentores que os guiam por um caminho moralmente duvidoso.
Atualmente, “1992” é a quarta série mais vista na Netflix em Portugal e a terceira em todo o mundo. Criada pelo aclamado realizador espanhol Álex de la Iglesia — conhecido por obras como “O Dia da Besta” e “Balada do Amor e do Ódio” —, a produção explora a Expo ’92 de Sevilha, um evento marcante na história contemporânea da Espanha. A exposição, que celebrou os 500 anos da chegada de Cristóvão Colombo à América, serve de pano de fundo para uma história com mistério, corrupção e tensões sociais.
A narrativa acompanha Amparo, uma mulher forte e resiliente interpretada por Marian Álvarez, que é impulsionada a investigar a morte misteriosa do seu marido, vítima de uma explosão. “Ela é uma mulher comum colocada em situações extraordinárias. A sua determinação em encontrar a verdade não é apenas pessoal, mas também uma busca por justiça num mundo que muitas vezes a nega”, contou a atriz ao “El Periódico”.
A sua sede de respostas leva-a a unir força com Richi, interpretado por Fernando Valdivielso, um ex-polícia com um passado turbulento e propenso a excessos. Atormentado pelos seus próprios demónios pessoais, está relutante em embarcar nesta missão, mas acaba por aceitar o pedido de ajuda. “Ele não é o típico herói. Tem falhas, está destruído por dentro, mas encontra uma oportunidade de redenção juntar-se à Amparo nesta jornada”, disse ao mesmo meio.
Durante a investigação, começam a descobrir o rasto de um serial killer chamado “Assassino do Lança-chamas”. O assassino tem um padrão perturbador: todas as vítimas são encontradas carbonizadas, com um boneco Curro — a mascote da exposição — ao lado.
Além do enredo principal, a série explora as tensões sociais e políticas que existiam em Espanha no início da década de 1990. Na série, a Expo ’92, que simboliza progresso, modernidade e ostentação, contrasta de maneira poderosa com as histórias de corrupção, desigualdade e marginalização retratadas.
“Queríamos capturar a essência de uma época que representava otimismo e progresso, mas também um período de grandes contradições. O contraste entre o brilho da Expo e os eventos sombrios que moldam a narrativa reflete as complexidades da vida”, comentou o realizador Álex de la Iglesia, de 59 anos.
O guião, assinado por Pablo Tébar e Jorge Valdano, pretende equilibrar o suspense com um comentário social perspicaz. O uso do boneco Curro como símbolo dos assassinatos funciona como uma metáfora para a dissonância entre a imagem pública de prosperidade e os segredos sombrios que muitas vezes se escondem sob a superfície.
Carregue na galeria e conheça algumas das séries e temporadas que estreiam em dezembro nas plataformas de streaming e canais de televisão.