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“Beleza Fatal”: como a primeira novela brasileira do streaming está a conquistar Portugal

Tem caras famosas, incesto, segredos e vinganças. Está disponível na Max e já é das mais vistas na plataforma.
Está a fazer sucesso no streaming.

A chantagear o marido ou a expor os segredos do sogro, Camila Pitanga domina todas as cenas que protagoniza em “Beleza Fatal”. A primeira novela brasileira criada especificamente para o streaming (que pode ser vista na Max) tornou-se um fenómeno cultural.

O sucesso não tardou em chegar a Portugal. Criada por Raphael Montes, estreou a 27 de janeiro e, desde então, não saiu do top do serviço. Atualmente, é a segunda produção mais vista no País — está apenas atrás de “The White Lotus”.

Com personagens complexas e bem definidas, tramas envolventes e reviravoltas inesperadas, a produção dá aquilo que o público de uma boa novela aprecia. O último capítulo estreia esta sexta-feira, 21 de março, e, até agora, já tivemos um pouco de tudo: romance, vingança, segredos de família e grandes atuações.

Parte do sucesso deve-se ao elenco repleto de estrelas, formado por rostos familiares, sobretudo para os fãs de produções brasileiras: Giovanna Antonelli, Vanessa Giácomo — que vai ser a vilã num projeto da SIC —, Marcelo Serrado, Caio Blat, Camila Queiroz e Herson Capri.

A história acompanha Sofia, interpretada por Camila Queiroz, que enfrenta uma difícil jornada após ter visto a sua mãe ser presa injustamente, por causa de Lola (Camila Pitanga), a prima da progenitora. Sem rumo, a jovem é acolhida pela amorosa família Paixão e, mais especificamente, por Elvira (Giovanna Antonelli), a matriarca que lida com o destino trágico da filha que foi hospitalizada após uma cirurgia plástica que não correu bem — levada a cabo por Benjamin Argento, que acabaria por se tornar o marido de Lola.

À procura de vingança, Elvira e Sofia começam a entrar no clã Argento com um plano bem ao estilo de “Parasitas”, uma das produções que inspirou Raphael Montes, o criador e argumentista de “Beleza Fatal”. “Succession” foi outras das inspirações e manifesta-se através da luta entre os membros da família pelo controlo da clínica. O quão longe cada um está disposto a ir para ficar com o trono é um dos pontos mais cativantes da história.

Montes é o grande trunfo da novela. O cineasta criou um argumento que é ácido, inteligente e ágil, cheio de momentos devastadores ou de humor pelo meio — em grande parte graças à personagem de Lola, uma das melhores vilãs que a televisão viu nos últimos tempos.

Muitas das falas da personagem acabaram por se tornar virais nas redes sociais. Um dos exemplos mais populares — e que reflete perfeitamente o potencial cómico da novela — surgiu após chantagear o sogro a dizer à sua família que, na verdade, é homossexual. “Viva as gay”, grita Lola em tom de gozo enquanto salta pela sala de jantar. Acima de tudo, a narrativa mantém o telespectador preso do começo até ao fim e nenhum episódio é monótono.

Quem está habituado a ver novelas portuguesas vai, quase garantidamente, ficar chocado com muitas das cenas de “Beleza Fatal” — que certamente nunca seria transmitida na televisão nacional. Ao longo dos 39 episódios já disponibilizados há personagens transgénero, BDSM, relacionamentos homossexuais e, numa reviravolta que chocou todos, incesto. “Beleza Fatal” prova mesmo que o futuro das telenovelas pode estar no streaming.

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