Podemos dizer que foi “a primeira loja na área” a fazer troca de discos, CDs, vinis e cassetes, como explica Luís Silva, 53 anos. A Carbono abriu em Lisboa, em 1993, e o conceito mantém-se até hoje: além de poder comprar e vender o que não usa, pode trocar e levar o que precisa. A economia circular, de relíquias em segunda mão, surge na Amadora três anos mais tarde. Continua a ser um ponto de referência, principalmente para os fãs de música alternativa.
O grande objetivo sempre foi “encontrar uma alternativa às lojas tradicionais, fugir do mercado mainstream e das bandas comerciais”, diz o gestor. Estamos a falar de bandas punk, hardcore, heavy metal ou hard rock, onde vai encontrar desde bandas mais conhecidas e autênticos fenómenos internacionais, como AC/DC, Led Zeppelin, Metallica ou The Rolling Stones, até pequenos grupos locais.
A primeira loja Carbono ficava na rua Almirante Reis, no antigo “centro comercial Portugália”. Depois, passou para a Rua do Telhal, perto da Avenida da Liberdade. Abriram mais três, entretanto, no Porto, Braga, Almada, que acabaram por fechar. Além do estabelecimento de Lisboa, continua a existir a da Amadora, que vai completar 28 anos, no dia 5 de junho. “É um verdadeiro mercado de usados. Além das trocas, compramos e vendemos a um preço mais barato”, refere.
Luís, natural de Lisboa, sempre gostou de música. Nos tempos da escola, fazia parte da associação de estudantes e, nos intervalos, rodava as cassetes vezes sem conta, dentro das seleções musicais que tinham, para animar os alunos. “Nunca tive muito jeito, mas tanto eu, como os meus amigos, ouvíamos muitos discos e íamos a concertos. Sempre adorei este mundo”, realça.
Quando acabou o 12.º ano e, depois de ter feito alguns anos de tropa, seguiu a área comercial, como técnico de vendas e merchandising, até que surgiu a oportunidade de abrir a loja. Um dos momentos que recorda com carinho foi uma sessão de autógrafos de Paul Di’Anno, o primeiro vocalista dos Iron Maiden. “Foi em 2008. Ele vinha participar num concerto da banda Attick Demons, que ia atuar em Corroios, mas conseguimos que ele viesse à nossa loja. Coordenámos a sessão e foi um momento que ainda juntou algumas pessoas”.
Um espaço de relíquias musicais
Numa altura em que o digital tomou conta de tudo — desde o controlo dos grandes negócios, aos nossos pequenos momentos de lazer —, é cada vez mais importante proteger as memórias físicas que, outrora, nos fizeram tão felizes. Estamos a falar dos CDs que ouvíamos nas viagens em família, das cassetes com filmagens caseiras de quando éramos pequenos e também das bandas sonoras que fizeram parte dos tempos de adolescentes.
Pois bem, a Carbono é um autêntico baú de recordações. E embora o foco seja a música pesada, encontra “um pouco de tudo” e em várias línguas. Há “uma grande variedade”, incluindo os êxitos dos anos 90 como Pink Floyd e The Doors. Os preços variam muito de produto para produto e de coleção para coleção, claro.
No caso dos CDs, encontra desde 3€ a 10€, sendo que há edições especiais, que podem chegar aos 20€. Na Carbono, vai ainda encontrar, para muitos espetáculos, “um dos hábitos que se perdeu” com o online: a venda de bilhetes físicos personalizados.
Quanto aos clientes, a maioria são de uma faixa etária mais velha, sem esquecer os mais regulares. “Alguns vêm aqui desde que começaram a trabalhar. Namoraram, casaram-se e, agora, chegam com os filhos. E há outras pessoas que vão morar para outros locais e, depois, aparecem ao fim de dez ou 15 anos, para nos visitar. É sempre bom ver rostos conhecidos”, conclui o gestor. Pode conhecer mais sobre o negócio através do Facebook.
