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Companhia Teatro dos Aloés comemora 25 anos com peça de um Nobel da literatura

“Pagar?! Aqui ninguém paga!” esteve na Amadora em junho. Agora, volta para uma sessão que assinala o quarto de século do coletivo.

Elsa Valentim, Jorge Peixoto, Jorge Silva, Rui Mendes, Sofia de Portugal e o recentemente falecido Luís Alberto são figuras maiores da representação em Portugal. Carreiras profícuas no teatro e na televisão, cujos nomes os portugueses conhecem bem — mesmo que, em alguns casos, seja necessário recorrer à Internet para avivar a memória. São eles, à exceção natural de Luís Alberto, os rostos ativos do Teatro dos Aloés, companhia profissional sediada na Amadora, e que comemora 25 anos.

Para assinalar a data redonda, a companhia de teatro leva à cena, esta quinta-feira, 16, a partir das 21 horas, a peça “Pagar?! Aqui, ninguém paga!”, uma comédia de intervenção, baseada na obra de Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura, em colaboração com Franca Rame. A exibição terá lugar no Cine-Teatro D. João V, na Damaia.

Com a crise económica italiana como pano de fundo, “a história desenrola-se a partir de uma situação que envolve Antónia num protesto de donas de casa contra o aumento dos preços dos produtos dentro de um supermercado, do qual sai levando alguns produtos sem pagar”, conta a sinopse da peça.

“Em plena fuga encontra Margarida, que a ajuda a levar os sacos. Chegadas a casa, precisam de os esconder, pois o marido de Antónia, “legalista como é” não irá certamente compactuar com um roubo. Margarida aceita ajudar a esconder o saque, e começa aí um conjunto de manobras de diversão para despistar os maridos e a polícia que iniciou buscas em toda a vizinhança.” No meio desta “confusão hilariante, com reviravoltas inesperadas a cada instante”, junta-se a crise na fábrica onde trabalham os seus maridos. “Temos os ingredientes para uma comédia mordaz de crítica, mas também de consciência social”, promete a companhia de teatro.

Mais de 70 peças

Nestes 25 anos de vida, a programação do Teatro dos Aloés já conta com mais de 70 produções, caracterizando-se pela heterogeneidade, incluindo autores clássicos e modernos, levando à cena tanto textos teatrais como adaptações de obras não teatrais e desenvolvendo pesquisa e investigação para a criação de textos inéditos.

“Ao longo destes anos, têm sido apresentadas criações de diversos autores, algumas originais encomendadas e outras inéditas em Portugal, destacando-se os seguintes autores nacionais: Camões, Ana Lazaro , Carlos J. Pessoa, José Peixoto, Maria João Cruz e Mário de Carvalho; e diversos autores internacionais: Athol Fugard, Bernard- Marie Koltès, Brian Friel, Carlo Goldoni, Conor McPherson, David Harrower, David Mamet, Hugo Claus, Jean-Claude Grumberg, JeanPierre Siméon, Lars Norén, Léandre-Alain Baker, Luigi Lunari, Marivaux; M´Hamed Bengettaf, Paul Auster, Pau Miró, Sean O´Casey, Spiro Scimone, Tankred Dorst, A. Tchekhov entre outros”, lê-se na apresentação da companhia.

Agraciada pela Câmara Municipal da Amadora em 2021, o Teatro dos Aloés tem apostado na promoção e integração na comunidade local, com atividades criadas propositadamente para os públicos da Amadora, de forma a cimentar o envolvimento da população. Organiza cursos e uma mostra de teatro Amadora Mostra, onde jovens criadores mostram os seus projetos, cria espetáculos com textos do Plano Nacional de Leitura, para aproximação a um publico juvenil e uma relação estreita com a comunidade escolar.

A cultura como foco de união

“Acho que a cultura pode ser um veículo privilegiado de conseguir a solidariedade, de conseguir sociedades mais justas, porque a cultura, nomeadamente o teatro, é um espelho nosso. E nós, ao vermo-nos ao espelho, conseguimos eventualmente corrigir as nossas falhas, ter a utopia de um mundo melhor e de poder construir uma coisa mais digna para o ser humano”, afirmou, em entrevista recente à New in Amadora Elsa Valentim, que integra a direção do Teatro de Aloés.

A atriz considera que a Amadora tem características próprias, decorrentes da sua diversidade ética e cultural, que “devem ser trabalhadas”. “Mas temos de trabalhar todos juntos, não pode ser um para cada lado”, garante.

Carregue na galeria para ver algumas imagens das peças que o Teatro dos Aloés tem vindo a produzir.

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