O coração acelera a menos de 24 horas do arranque da festa. Mas sempre que “a tribo do Lido” se junta é a mesma coisa. A célebre discoteca da Amadora, que foi considerada à época a maior da Europa, com capacidade para 2.500 pessoas, fechou em 1992, mas nem por isso caiu no esquecimento.
“É impossível esquecer a Dancetaria Lido para quem viveu lá grande parte da vida”, conta à New in Amadora Paulo Vieira, que foi DJ do Lido “durante oito anos” e que este sábado volta a tomar a conta da cabina. A festa vai ser no Mome (ex-Kapital, outro nome histórico da noite lisboeta), na Avenida 24 de julho. “Vai ser um festão”, não tem dúvidas o homem que, com Carlos Ferreira Lopes, tem dado vida a esta doce memória.
“Antes da Covid-19 fizemos várias festas, mas depois ficou tudo parado. Em novembro do ano passado voltámos a estas celebrações e esta vai ser a segunda. A guest list já tem 250 pessoas confirmadas, mas a festa tem capacidade para 500 pessoas. “Se conseguirmos encher, seria bom, mas o que interessa é o espírito.
Paulo Vieira não quer fazer comparações. “É impossível comparar. Os tempos são outros, o Lido tinha capacidade para 2500 pessoas. Estava aberta à sexta-feira feira e ao sábado à noite e ainda havia as matinés ao sábado e domingo. Era uma loucura, estava sempre cheio”, recorda à NiA.
Para a festa deste sábado, tudo é possível acontecer, mas Paulo Vieira deixa uma garantia. “Só se vai música dos anos 80, claro”, promete. E a pedido da New in Amadora, revela as duas músicas que tem na cabeça para abrir a noite épica. “Ainda não decidi, mas será uma destas duas: ‘Into the Groove’, de Madonna, ou ‘I Wanna Dance with Somebody’, de Whitney Houston”.
Fazer renascer o Lido “seria um sucesso”
O DJ diz que “muita coisa mudou na noite”, a começar pelo facto de “já não haver casas como o Lido, com capacidade para 2.500 pessoas. Hoje casas com 200 ou 300 pessoas já é uma sorte”. Num tempo revivalista, em que as festas dos anos 80 estão sempre à pinha, Paulo Veira afirma que “fazer renascer o Lido seria um sucesso”.
“Não tenho dúvidas que seria um sucesso. Há uma geração inteira que abanou o esqueleto naquela casa. Muita gente conhecida passou por lá, muitos eventos se realizaram, muitas notícias de jornais, muitos concursos”, enumera.
Perante a insistência da pergunta — “seria bom que o Lido voltasse?” —, Paulo responde com uma pergunta e uma gargalhada. “Está a perguntar-me se eu tenho planos para fazer reabrir o Lido? Não, não tenho”.
Edifício do cinema e discoteca vai ter casas de luxo
Qualquer que seja a possibilidade de voltar a reabrir um Lido, não será o Lido. O edifício onde funcionou a discoteca e o cinema foi inaugurado em 1962, tendo sido nas décadas de 60 e 70 um dos polos culturais mais importantes da Grande Lisboa. O Cine-Teatro tinha uma plateia e dois balcões, apoiados por dois bares e foyers.
Com o encerramento do cinema e da discoteca, o edifício já devoluto foi consumido num grande incêndio em 2009, que destruiu por completo o interior e a cobertura. No final de 2022, a Câmara Municipal da Amadora anunciou ter aprovado um projeto de reabilitação do edifício, mantendo as fachadas existentes e a sua volumetria para uso predominantemente habitacional, constituído por apartamentos de luxo.
Carregue na galeria e recorde algumas imagens dos tempos áureos do Lido.