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Esta visita à Necrópole de Carenque revela como se vivia no período Neopolítico

Os participantes vão poder observar, mas também participar na recriação das dinâmicas vividas no terceiro milénio antes de Cristo.
Recriar a vida no Neolítico é um dos objetivos.

Tantas vezes ignorado, o património histórico e arquitetónico do concelho da Amadora reúne histórias e modos de vida que continuam a ser possíveis de revisitar. E ajuda os historiadores a perceber dinâmicas sociais e modos de vida diferentes dos da atualidade. A pré-história continua a exercer um fascínio grande em todos nós e a Necrópole de Carenque é um dos mais ricos complexos do período Neolítico.

No âmbito do Dia Internacional dos Museus, que se comemora neste domingo, 18, realiza-se no sábado, das 10 às 17 horas, uma recriação histórica do Clã de Carenque, com uma visita integrada ao Núcleo Museológico da Necrópole de Carenque. Trata-se de uma iniciativa do Museu da Amadora, em parceria com a ARQA – Associação de Arqueologia e Proteção do Património da Amadora, constituída em 1988, na sequência de uma tradição de investigação arqueológica que remonta à década de 60, com o objetivo de conhecer, preservar e valorizar o património arqueológico do município.

“Durante o dia será efetuada uma reconstituição de como se vivia na época da construção e utilização da Necrópole de Carenque, no 3.º milénio antes de Cristo, com a realização em simultâneo e diversas atividades e ateliês em que os visitantes podem participar”, explica a organização.

A riqueza de Carenque

O Núcleo Museológico da Necrópole de Carenque é um dos núcleos do Museu da Amadora e encontra-se aberto ao público, de forma permanente, desde 1999. A Necrópole é constituída por três sepulcros coletivos escavados nos afloramentos calcários do Tojal de Vila Chã, entre Carenque e os Moinhos da Funcheira.

Descobertos e escavados, em 1932, pelo arqueólogo Manuel Heleno, estes sepulcros revestem-se de grande interesse para a compreensão da nossa Pré-História, ultrapassando a importância local que possuem. Por isso, encontram-se classificados e protegidos como monumento nacional, pelo Decreto do Governo n.º 26:235, de 20 de janeiro de 1936.

Estes sepulcros, genericamente designados de Grutas Artificiais, por terem sido escavados na rocha, integram-se numa tradição cultural-funerária mediterrânica, mas evidenciam também características próprias de uma região que coincide, grosso modo, com o Estuário do Tejo. De entre outras necrópoles deste tipo, destacam-se, além de Carenque, as grutas artificiais de Palmela, de Alapraia, de S. Pedro do Estoril e de S. Paulo.

Assemelhando-se de alguma forma à morfologia das antas (de que podem ver-se alguns exemplares, a Oeste da Necrópole, em Queluz – Monte Abraão), as Grutas Artificiais apresentam uma arquitetura característica: têm acesso por um corredor, em regra voltado a nascente, que comunica com uma câmara funerária através de um pequeno portal de formas arredondadas. Tanto o corredor como esta claraboia estavam cobertos por pesadas lajes de calcário, fechando a estrutura ao exterior.

Os materiais arqueológicos e os restos humanos provenientes das escavações ali efetuadas estão em depósito no Museu Nacional de Arqueologia, uma vez que Manuel Heleno era diretor interino desta instituição, quando efetuou trabalhos neste sítio arqueológico.

A construção e as primeiras deposições de cadáveres que ali estão testemunhadas remontam ao final do Neolítico (terceiro milénio a.C.), altura em que se vivia já na região uma economia de base agropastoril, evoluída sob o ponto de vista das tecnologias de produção pré-históricas.

Para lá desta atividade específica de sábado, é possível organizar visitas guiadas para grupos, sendo necessária marcação prévia por email (museu@nullcm-amadora.pt) ou por telefone (214 369 090).

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