Quando “Wonder – Encantador” se estreou nos cinemas portugueses em dezembro de 2017, poucos espectadores conseguiram conter as lágrimas. O filme acompanhava Auggie (Jacob Tremblay), um rapaz com um rosto desfigurado que era massacrado por Julian, que gozava constantemente com a sua aparência.
O bully era interpretado por Bryce Gheisar, de 19 anos, que volta a encarnar o papel em “Pássaro Branco: Uma História Extraordinária“, uma espécie de sequela realizada por Marc Forster. A produção estreou-se esta sexta-feira, 21 de março, na Prime Video e tal como “Wonder”, é baseada num livro de R. J. Palacio que já vendeu mais de 15 milhões de cópias.
A narrativa arranca quando a avó do rufia, interpretada por Helen Mirren, vencedora de um Óscar, descobre que o neto maltratava o colega de escola. Decide, então, contar uma história da sua infância. Durante o desenrolar da trama os espectadores são transportados para o passado — mais especificamente para a França ocupada pelos nazis.
Sara Blum é uma jovem com um talento especial para o desenho, mas tem dificuldade em fazer amigos. Ninguém interage com ela por uma simples razão: é judia. A sua vida na escola é solitária — até conhecer Julien Beumier. Tal como ela, também o rapaz é vítima de bullying, desta vez por ter poliomielite, uma doença que afeta a espinha dorsal e que pode causar paralisia.
A amizade aproxima-os, apesar das realidades que os separam. É nesse momento que entra em cena Vivienne, a mãe do rapaz interpretada por Gillian Anderson. Ela tenta de tudo para os proteger dos perigos que existem no mundo e das atrocidades que os humanos podem cometer.
Se em “Wonder” o público passou a odiar Julian, o antagonista, na sequela vai começar a simpatizar com o miúdo. “No fundo, era mau porque tinha medo do Auggie. O receio da diferença é bastante comum entre os miúdos”, explicou a autora R. J. Palacio ao site “ComicBook Room” Muitos jovens conseguem ultrapassar esses preconceitos com o apoio da família, mas não foi isso que aconteceu com o rapaz “porque os pais não tinham conhecimento do seu comportamento”.
No filme original, Julian é suspenso da escola devido ao seu constante mau comportamento em relação a Auggie, um desfecho que a escritora lamentava. “Sei que existem pessoas como ele na realidade, que se identificam com a sua história. Queria dar-lhe outra oportunidade e a possibilidade de se redimir”, explicou. “Acredito que é importante sabermos que um erro não nos define.”
Embora a narrativa decorra durante a II Guerra Mundial, Palacio acredita que esta obra é intemporal. Conta a história de uma rapariga (a avó de Julian) que perde todos os direitos, é separada dos pais — a mãe é enviada para um campo de concentração — e, posteriormente, é obrigada a esconder-se. “Isto é algo que está a ocorrer atualmente em diferentes partes do mundo. E isso é trágico.”
Apesar de abordar temas pesados, a escritora garante que a essência de “Pássaro Branco” assenta em três pilares: “Coragem, amizade e no impacto que a bondade tem na vida das pessoas”.
Os críticos ficaram rendidos à obra protagonizada por Helen Mirren, que conta com uma pontuação de 75 por cento no agregador Rotten Tomatoes. “Embora alguns elementos mais simples da história pudessem ser evitados, o trabalho astuto do realizador ajudou a criar um filme maravilhoso que nos toca profundamente nos momentos mais emocionais”, descreve a “Variety”.
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