Quem acha que na Amadora não se passa nada, não sabe do que fala. Ou porque não se informa, não procura nos sítios certos ou não está atento à cada vez maior atividade cultural do e no concelho. Teatro, incluído.
E já não são só os artistas de cá que revelam proatividade. A Amadora está cada vez mais na rota cultural de eventos, festivais, mostras de cinema e de teatro, ou simples exibições. É o caso de “A Construção”, uma trilogia sobre “Três Dramas Históricos”, de Gertrude Stein, que é levada a palco nos Recreios da Amadora pelo Teatro do Bairro já nos próximos dias 23 e 24 deste mês.
No domingo, a sessão decorre às 16 horas e na segunda-feira é às 21 horas. O preço dos bilhetes está fixado nos 10€, embora maiores de 65 anos, menores de 25 e estudantes tenham preço reduzido de 5€. Os bilhetes estão à venda na Ticketline e no local, duas horas antes do início do espetáculo.
Um mês em cena no teatro
“Construção sobre Três Dramas Históricos”, com encenação de António Pires e tradução e adaptação de Luísa Costa Gomes, esteve em cena no Teatro do Bairro, em pleno Bairro Alto, em Lisboa, durante um mês. Estreou-se a 22 de janeiro e tem a última exibição na sala lisboeta marcada para esta sexta-feira, 21 de fevereiro. Depois, então, ainda haverá sessão dupla na Amadora no domingo e na segunda-feira.
A sinopse da peça conta que “Três Dramas Históricos” é uma trilogia escrita por Gertrude Stein em 1930 e publicada no livro” Last Operas and Plays”. A escritora do “presente contínuo” apresenta-nos um passado renovando-o através de um jogo onde as tradições antigas servem para inventar novas formas dramáticas. O estilo da dramaturga é emblemático na busca por reviver um passado perdido no “agora” da ação, onde emergem vozes ausentes/presentes.
Esta encarnação paradoxal de “vozes puras” nas “peças de memória” de Gertrude Stein abre caminho para uma reflexão sobre o significado de “ser” no presente. Em cena estarão os atores Cassiano Carneiro, Carolina Campanela, Carolina Serrão, Francisco Vistas, Jaime Baeta e Rita Durão.

Uma nova centralidade
Inaugurado pela Ar de Filmes em 2011, o Teatro do Bairro levou a Lisboa um espaço cultural único na cidade, até pelo simbolismo da sua localização histórica. Situado em pleno Bairro Alto, na Rua Luz Soriano, número 63, ocupa o espaço onde durante décadas funcionou a rotativa do vespertino “Diário Popular”, mesmo ao lado da Escola de Música do Conservatório Nacional. Uma iniciativa que foi um marco no caminho artístico da produtora, contaminando de forma positiva todo o universo cultural da cidade.
Não só permitiu a criação de um espaço físico e o desenvolvimento da Companhia do Teatro do Bairro, como, para além de uma sala de teatro, o Teatro do Bairro “ofereceu” a Lisboa uma nova sala de cinema, que além de programar ciclos específicos e exibições únicas de filmes independentes, salvaguarda a exibição das produções cinematográficas da Ar de Filmes e dos seus criadores.