O Teatro dos Aloés, companhia profissional da Amadora, não para. E está já a preparar a sua próxima peça, “Pagar?! Aqui ninguém paga!”, que vai apresentar nos Recreios da Amadora entre os dias 18 e 23 de junho.
Trata-se de uma comédia de Dario Fo e Franca Rame, com encenação de Elsa Valentim e José Peixoto, e interpretações de Graciano Amorim, Joana Batalha, Jorge Silva, José Peixoto, Marco Trindade, Miguel Cruz, Patrícia André e Raquel Oliveira.
“Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura, escreve e reescreve esta obra de intervenção, fruto do contexto de sucessivas crises económicas em Itália – em 1974 e em 2008. A história desenrola-se em função de duas mulheres envolvidas num protesto de donas de casa contra o aumento dos preços dentro de um supermercado, propondo pagar metade do seu preço e acabando por levar alguns produtos sem pagar”, lê-se na sinopse.
“A crise na fábrica onde trabalham os seus maridos e as buscas da polícia na vizinhança estruturam uma situação cheia de entradas e saídas, perseguições e segredos num contexto de muita confusão. Chegadas a casa, precisam de esconder o seu saque, pois o marido de uma delas é um homem de valores rígidos e não compactuará com uma situação de roubo. Margarida aceita ajudar a esconder o saque, mas repentinamente o seu marido Luís chega a casa mais cedo. Começa aí um conjunto de manobras de diversão para ocultar o saque aos maridos e à polícia, que iniciou buscas em toda a vizinhança, dando origem a diversas situações cómicas”, prossegue o guião da peça.
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“É a este marido que a maior transformação da história acontece. No original, o seu personagem foi escrito como uma espécie de comunista conservador: determinado a lutar pelas causas sociais e definitivamente contrário ao consumismo capitalista e à desordem. João insurge-se com o status quo e, cansado da precariedade, do emprego temporário, das alterações associadas às novas formas de organização do trabalho, acaba por “render-se” revoltando-se, e também ele roubando.”
Teatro dos Aloés há 24 anos na Amadora
Segundo a companhia de teatro, criada em 2000 e que iniciou a sua atividade na Amadora no ano seguinte, “a peça questiona por um lado, o ideal filosófico de sociedade desapegado das realidades quotidianas representado por João; e, por outro, as dificuldades do dia a dia – contas vencidas, dinheiro escasso, comportamentos em transformação – representadas por Antónia”.
“A pertinência e atualidade da obra assentam na realidade contemporânea, em que continuam a conviver dois modelos económicos paralelos, em que uma grande franja da sociedade continua a ter condições de vida difíceis, relações de trabalho precárias ou mesmo muito periclitantes, sendo invisíveis aos olhos dos restantes. A realidade económica dos mais desfavorecidos, incluindo a vaga de emigrantes na atual sociedade portuguesa, continua a ter razões para gritar “Não pagamos””, conclui a sinopse.
A peça de teatro, destinada a maiores de 12 anos, pode ser vista de quarta-feira, 18 de junho, a segunda-feira, 23. Sessões sempre às 21 horas, à exceção de domingo, 22, em que a sessão é às 16 horas.
O bilhete tem o preço de 10€, com um desconto de 50% para maiores de 65 anos, menos de 25 e estudantes e está à venda na Ticketline e na bilheteira dos Recreios da Amadora no próprio dia, duas horas antes do início do espetáculo.