Sérgio Rodrigues, 39 anos, João Tapada, 40, e Pedro Simões, 35, conheceram-se há cerca de oito anos no Holmes Place do UBBO, da Amadora. São mais um caso de treinadores que sofreram com os confinamentos de Covid-19. “Primeiro, os ginásios fecharam, mas mesmo quando reabriram, e com as medidas de proteção ativadas, subsistiu o medo”, conta Sérgio, CEO do FiT, 17, o pequeno estúdio treino que criou, como fizeram muitos profissionais do exercício físico.
“As pessoas cada vez mais gostam mais de treinar calmamente, sem ter necessidade de expor as suas fragilidades, sem vergonhas, sem estarem rodeadas de outros atletas a tirarem selfies a todo o momento. Já passámos um bocadinho essa fase, e creio que o triunfo dos pequenos estúdios como o nosso, e outros, é precisamente esse: conforto, discrição, proximidade”, resume Sérgio, que sempre praticou desporto, futebol, pingue-pongue, artes marciais, estando agora mais dedicado à escalada. “Relaxa-me muito”, confessa à NiA.
Natural de Setúbal, Sérgio é licenciado com mestrado integrado em exercício e bem-estar pela Universidade Lusófona. Entrou no Holmes Place em 2012, onde conheceria os seus dois amigos, com quem partilha o espaço de Vila Chã, na Amadora. O processo de criação do FiT 17 não foi linear.
“Já estava no Holmes Place a trabalhar. Entretanto, eu e o melhor amigo abrimos um espaço que não era para dar treinos, mas sim, para nós próprios treinarmos”, recorda à NiA. O espaço, em Casal de Cambra, chegava perfeitamente para as encomendas. “E foi assim que comprei o equipamento, sempre sem qualquer objetivo comercial, até porque nós tínhamos a nossa ligação ao Holmes Place”, recorda.
O melhor amigo acabou por ir para Angola, Sérgio ficou sempre com o equipamento, mas nunca o rentabilizou. Até que a pandemia fê-lo começar a mudar o chip. “Nessa altura que comecei a pensar mais a sério, em abrir um estúdio próprio e aproveitar o investimento que já tinha ali feito. Na altura, convidei dois colegas, também PT no Holmes Place e encontrámos um espaço perfeito em Vila Chã (Avenida Fernando Valle 117, loja B) com o tamanho ideal para o que se pretende”.
Sem tempo para marketing
“O processo foi lento”, reconhece, até porque só este ano é que começou a fazer publicidade ao estúdio. “Aliás, só agora é que estamos a tratar das redes sociais. Também estamos mais descansados porque vínhamos do Holmes Place e durante a Covid houve muita gente que saiu, e muitos que treinavam connosco ficaram cá e continuaram fiéis ao nosso treino”.
Apesar da muita experiência profissional, Sérgio lembra que o FiT 17 tem “meia dúzia de meses em funcionamento”. “Mas está a correr bem. Entro às seis da manhã e dou treino até às oito/nove horas, portanto, não me posso queixar. Enfim, também um pouco de falta de descanso, mas isso é a vida”, brinca. Os colegas e amigos também têm um horário completo, mas não tão carregado. Chefe é chefe.
O CEO não sente a famigerada concorrência de estúdios fitness em Vila Chã, embora um deles, já tenha anunciado a mudança do bairro para perto do UBBO. “Nunca sentimos essa concorrência. Acho que cada um encontrou o seu registo, a sua especialidade. Não nos atropelamos”, garante.
“Toca a encher”
A conversa está boa, o espaço é acolhedor, mas está na altura das fotos. “Não temos ainda qualquer foto. Nem para isso tivemos tempo. Criámos o Instagram, mas está a zeros”, explica Sérgio.
E agora, perguntamos? Reportagem sem fotos não é reportagem. “O que sugere?”, pergunta um dos amigos, com um sorriso na cara, já antevendo a resposta. “Toca a encher”, respondemos, numa voz de comando, entre o PT e o militar, — João Tapada esteve seis anos na Academia da Força Aérea, antes de entrar no Holmes Place.
Equipados a rigor, calças pretas, camisola preta com o logo do FiT 17, Sérgio, João e Pedro começam a fazer exercícios no tapete do estúdio. “Sabe que em condições normais somos nós que mandamos fazer, o nosso trabalho não é estarmos a fazer exercício”, brinca Sérgio. Mas para o sucesso da reportagem, o CEO do estúdio dá tudo. E nos dez minutos que se seguiram cada um dos três PT deu o exemplo
A engenharia do exercício
Quando pensa que chegou a inscrever-se em Engenharia Eletrónica na faculdade e a frequentar as aulas, Sérgio Rodrigues ri-se da recordação. “Comecei a estudar Engenharia Eletrónica, como toda a gente naquele tempo, que era algo tinha tudo a ver com desporto e bem-estar”, brinca.
A área de estudo era, naquele tempo, a que, aparentemente, tinha mais saída profissional. “Depois comecei a tirar um curso de seis meses de musculação e cardiofitness, mas era para minha satisfação pessoal. Comecei a ficar interessado, e acabei por desistir da engenharia, até com o apoio dos meus pais. Nesse sentido, sempre me apoiaram”, sublinha.
Carregue na galeria para mais imagens do estúdio FiT 17, em Vila Chã.

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