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A associação amadorense que junta todos os fãs do cubo mágico em torneios nacionais

A Associação Portuguesa de Speedcubing (APS) foi fundada em novembro de 2023. Tem membros de todo o País e quer angariar mais.
Há mais competições no País.

Há talentos que são descobertos nas situações mais improváveis. Outros, nem tanto. Foi o caso de Diogo Guerreiro, 22 anos. Em 2018, chegou à escola e um colega tinha o conhecido cubo mágico, baralhado, na mão — algo que, até ali, não lhe tinha despertado nenhum interesse. O amigo resolveu o mistério em 20 segundos. Diogo ficou impressionado e, naquele momento, fez uma promessa: sempre que resolvesse o enigma, ia ser mais rápido.

Foi assim que começou a paixão do amadorense por este desporto de prática, agilidade e raciocínio. O cubo de Rubik — a nomenclatura oficial, depois da Ideal Toys ter alterado o nome original, em 1980 — é considerado um quebra-cabeças tridimensional, inventado pelo professor de arquitetura húngaro Ernő Rubik, há cerca de 50 anos. O próprio demorou um mês para resolver o cubo pela primeira vez. Ao longo dos anos, ganhou fama mundial, ao ponto de ser um dos hobbies favoritos de muitos miúdos, jovens e adultos.

A paixão por esta diversão fez com que fosse fundada, em novembro de 2023, a Associação Portuguesa de Speedcubing, com sede na Amadora que é, na prática, o nome dado a esta atividade. Diogo é o presidente, sendo que existem cinco fundadores amadorenses e outros sete de várias localidades do País. O jovem começou a aprender depois do momento que teve na escola, com o amigo — que, por acaso, também está no grupo da criação da associação.

À NiA confessa que foi aperfeiçoando as técnicas a partir de tutoriais de YouTube. Das primeiras vezes que tentou fazer, demorava cerca de 2 a 3 horas. O maior segredo, além das estratégias, é mesmo a prática.

Em 2019, estreou-se numa competição, a CLIP Open. “Estava em lista de espera e entrei mesmo em cima da hora. Lá convenci o meu pai a levar-me para o Porto para ir resolver cubos mágicos. Foi uma experiência fantástica e que me deixou boquiaberto. Depois disso, fiquei logo com vontade de organizar também, mal sabia eu o trabalho árduo por detrás de um evento destes”, conta.

 
 
 
 
 
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Mais colegas acabaram por se juntar e criaram mesmo um clube na Escola Secundária de Seomara da Costa Primo, o Speed ao Cubo. Ali, queriam “ensinar alunos e professores e todos os que quisessem apaixonar-se por este pequeno, mas gigante puzzle”. “Muitos dos amigos que tenho são pessoas que conheci e juntaram-se a mim e outras foram apresentadas neste mundo do cubo mágico”, revela. 

Mantiveram sempre uma relação com a escola e, pelo terceiro ano consecutivo, vão organizar competições no estabelecimento de ensino. Em 2024, participaram 120 pessoas, de dez nacionalidades diferentes, e ainda ficaram pessoas em lista de espera.

 A verdade é que antes da pandemia — e da criação da associação —, já existiam competições em Portugal. Porém, a organização estava nas mãos de uma única pessoa. António Gomes, de Coimbra, era o único delegado do País que podia organizar as competições oficiais. Depois dessa altura, teve de deixar os eventos e, por isso, todos os “amantes de cubo mágico juntaram-se e criaram o grupo, para dinamizar eventos, colocar mais pessoas a competir e fazer crescer a comunidade”.

Até agora, com a ajuda dos delegados de Espanha e de outros países, foram promovidos dois delegados nacionais: um é Diogo e o outro é o colega, Pedro Azevedo, de Aveiro. Assim, podem fazer “mais competições, estar em outros locais, progredir e ver evolução”. Para quem não sabe, as regras são simples e o objetivo é só um: fazer o melhor tempo possível.

Na competição, há cinco resoluções possíveis, onde, no final, é descontado o melhor e o pior tempo. A média dos restantes três dita o resultado. O tradicional é o 3x3x3 e há “várias maneiras de resolver”. “Cada pessoa arranja quase a sua maneira, mas há métodos mais populares que acabam por ser também, na maioria das vezes, os mais vistos nas pesquisas e os mais usados”, revela Diogo.

Para 2025, há uma competição, que decorre a 15 de fevereiro, na Amadora, o “Seomara Side & Blind 2025”, realizada no auditório da Escola Secundária de Seomara da Costa Primo, a partir das 8 horas. O outro evento será em abril, com data ainda por anunciar. Para mais informações, pode consultar o site oficial da associação. A ideia é fazerem mais dois encontros na segunda metade do ano, para tornar a “Amadora maior” e trazer “mais visitantes”.

A escola continua, assim, a ser um “grande apoio” e o grupo quer expandir estas iniciativas para outros espaços letivos do concelho. “São atividades muito giras e que todos gostam de participar e de ver. Temos de levar o conceito para mais sítios. E há professores interessados em ter em vários locais. Queremos, de certa forma, entrar na onda de tirar os telemóveis aos miúdos e trocá-los pelo cubo mágico”, conclui. 

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