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“A morte é muito mal vista”. Amadora discute o papel da doula no processo do luto

Fundadora da comunidade Doulas do Fim da Vida vem à Falagueira para desmistificar preconceitos relativamente à morte.
Um colo, um apoio.

As doulas não apoiam apenas os nascimentos, como sempre pensámos. Há também doulas para preparar “a transição, a viagem, e para ajudar a família a lidar com a morte”. Afinal, como se gere o luto? E qual o papel da doula do fim da vida no processo de perda, na escuta do outro ou de, pelo contrário, respeitar os seus silêncios? É este o ponto de partida para mais uma sessão do ciclo “Conversas ComPaixão”, que se realiza na próxima quinta-feira, 20 de março, às 14h30, na Escola da Mobilidade da Amadora.

A iniciativa, intitulada “A Doula e o Luto”, terá como oradora a doula e enfermeira Ana Infante, que irá conduzir “uma conversa sensível e envolvente, que ajudará a olhar para o luto com mais humanidade e empatia”, garante o movimento Amadora Compassiva, que tem promovido este ciclo de conversas.

“Quem for acompanhar a sessão vai encontrar seres humanos e isso é o mais importante”, começa por explicar Ana Infante à NiA, acrescentando que “o luto é transversal à vida, e, portanto, é útil confrontar outros olhares, outras experiências, que também se tocam mutualmente”.

A enfermeira, de 44 anos, fundou o movimento “Doulas do Fim da Vida”, em 2015. “Há uma grande necessidade de olhar para a morte de outra forma”, salienta Ana. “A sociedade diz-nos que a morte é sofrimento e dor e não é, não tem de ser. O que acontece é que, num momento de vulnerabilidade, não é fácil conseguir perceber isso”.

E é aí que entra a doula do fim da vida, garante Ana Infante, licenciada em Enfermagem, com experiência hospitalar, mestrado em Dor e uma pós-praduação em Cuidados Paliativos. “É alguém que está a acompanhar o outro, que tem tempo, que é um colo, uma ajuda, um porto seguro. Há um grande desconhecimento, e muito preconceito relativamente à perda e ao luto, porque nunca nos preparámos para ele”.

Ana Catarina Infante diz acreditar “num Deus entre aspas”. E o que quer isso dizer? “Há muitos entendimentos sobre Deus, depende da religião. Não me fecho num nome, numa religião”, releva à NiA.

E termina com uma frase curiosa: “A morte é muito mal vista”, porque as sociedades ocidentais nunca se prepararam para o processo de passagem. “A morte é natural, não pode ser vista como algo de errado. Está na Natureza: sem outono e inverno, não haveria primavera e verão”.

A sessão tem entrada gratuita e decorre na Escola da Mobilidade da Amadora, junto ao Parque Aventura, na freguesia da Falagueira—Venda Nova.

FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    Estrada da Falagueira 48
    2700-364  Amadora

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