Aos sete anos, “dona Catarina” já oferecia serviços de estética à vizinhança. “Saía com a minha malinha cheia de traquitanas, enchia-me de coragem, batia à porta das vizinhas velhotas que já me conheciam e oferecia-me para lhes cortar as unhas, tirar as peles e pintar as unhas”. O trabalho não era muito bem remunerado, mas Catarina dava-se por satisfeita. “Recebia sempre uma moedinha de gorjeta para o gelado”, recorda à New in Amadora.
Decorridos 23 anos, agora é a sério. Hoje, Catarina Araújo tem 30 e já realizou um sonho: a 1 de maio um atelier de cabeleireiro e estética em nome próprio, numa das lojas do Mercado da Mina de Água, na Amadora.
“Sempre sonhei fazer isto”, conta. Porém, o processo não foi linear. “Incrivelmente, durante muito tempo trabalhei com uma coisa que não tem nada a ver, vendia peixe fresco. Estive em vários mercados, incluindo este.”
Catarina sempre soube qual era o seu caminho, teve apenas de fazer um desvio. “Esta é a minha área da formação, fiz um curso de Estética e Cosmetologia, no IEFP. Acabei com 18 valores e ainda estive dois anos a trabalhar nisto”, revela.
Contudo, “a vida dá muitas voltas” e Catarina teve de arranjar outra forma de ganhar dinheiro. “Como nunca tive medo de trabalhar, fui vender peixe fresco”, conta esta nascida e criada na Amadora, sempre na Mina de Água, na Estrada Militar.
Aventureira q.b.
Mais tarde, teve “uma oportunidade excelente num salão em Queluz”, onde trabalhou cerca de cinco anos e cresceu “de uma forma fantástica”. “Aprendi muito e angariei uma carteira de clientes confortável para poder abrir o meu negócio. Nos tempos que correm, abrir um espaço próprio é um ato de coragem”, acredita.

Aos poucos, o mercado da Mina começou a ganhar dinamismo e hoje tem muito mais vida. “Estas lojinhas que têm aberto aqui no mercado ajudam a trazer gente nova”, diz. “São os casos do wine bar Companhia dos Lobos, do snack-bar Tia Ana, a engomadoria, a florista, e agora, o gabinete de estética”, enumera.
Autodescreve-se como aventureira, mas acrescenta a palavra q.b. “Acho que abrir um negócio novo dá sempre um friozinho na barriga. O que vale é que as pessoas já me conheciam, porque vendia peixe e trouxe praticamente todas as minhas clientes de Queluz, além das novas que tenho angariado aqui”, diz. Por isso, não tem dúvidas: “está a correr muito bem, até acima das expectativas”.
O atelier oferece serviços de pedicura, manicura (gel e gelinho), e cabeleireiro — cortes, coloração, brushing. “A minha formação é abrangente, mas o tamanho do espaço não me permite fazer mais coisas”, lamenta à NiA. Por isso, a ideia é crescer. “Gosto muito de estar aqui, quero estabilizar e sentir-me confortável. No entanto, o objetivo crescer para outro espaço”, embora sempre na Amadora.
Durante a formação avançada, Catarina também ganhou outras competências relacionadas com o bem-estar. “Tenho curso de massagem terapêutica, desportiva, modeladora. E também tenho formação em estética e depilação, mas aqui não posso fazer nada disso”, lamenta.
Feliz e realizada com a profissão que escolheu, recorda que, em miúda, nada faria prever que viesse a trabalhar nesta área. “Sempre fui mais maria-rapaz, gostava de vólei, bicicletas, motas. Nunca fui muito de brincar com bonecas, mas a área da beleza sempre me seduziu.”
“Os homens cuidam-se cada vez mais”
O alguidar, que há pouco estava a ser cheio, já tem lá mergulhados os pés de Amadeu, cliente de
Relativamente à clientela, Catarina explica que tem vários clientes homens, um deles Amadeu, que acaba de entrar. “Vem cá todos os meses, para tratar das unhas”, conta a esteticista.
“Antes de conhecer a Catarina [que é sobrinha da mulher], nunca tinha tratado dos pés. Desde que passei a vir cá, tem sido um alívio. Ela faz isto muito bem, não magoa”, diz.
Catarina sorri e complementa: “Já se tornou habitual ver os homens a cuidarem de si, o que é um ótimo sinal. Esse preconceito ainda existe nos rapazes mais novos, mas nos adultos em idade ativa, essa questão não se coloca. Tenho muitos clientes homens, que vêm cortar as unhas, ver os calos. Os pés suportam o nosso corpo ao longo do dia inteiro, devem estar saudáveis e cuidados”, sublinha.
O gosto pelo cuidado e pela beleza da profissional, já se tornou um hábito familiar. “Tenho um filhote com seis anos, que é muito vaidoso. Não sai de casa sem pôr creme na cara, sem pôr perfume. Quando se esquece do chapéu, volta a casa. Tem a quem sair: a mãe e o pai são vaidosos, embora eu já tenha sido mais”, admite.
Daqui a dez anos, Catarina Araújo imagina ser dona de um grande salão, “sempre na Amadora”. Contudo, para já, está feliz com o seu pequeno espaço, onde arranjar os pés custa entre os 17 e os 20€, o brushing começa nos 10€ e a aplicação de gel com extensão de unhas a partir dos 25€.
O atelier Catarina Araújo — Cabeleireiro e Estética fica na loja 3 do Mercado da Mina de Água e as marcações podem ser feitas por telefone (939 497 820).
Carregue na galeria para ver mais imagens do espaço e da esteticista a trabalhar.

LET'S ROCK







