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Hachi, o pequeno furão que é uma verdadeira estrela da Amadora

O animal nasceu em maio de 2023. Raquel Martins, a dona, tem vivido uma verdadeira aventura — e descoberta.
Adora dar mordidelas, dormir e passear na praia.

O histórico de animais na vida de Raquel Martins, 29 anos, começou quando ainda era bebé. O primeiro cão que teve foi um chihuahua de pelo longo, chamado Mini. Na altura, foi resgatado, na sequência de maus-tratos e, quando chegou à casa da amadorense, já tinha seis anos. Viveu até completar 12, quando lhe foi diagnosticado um cancro. Ficaram as memórias, principalmente “dos passeios”, e o amor incondicional.

Também o gato Robin acabou por morrer, com insuficiência renal, quando Raquel tinha 11 anos. Agora, tem a cadela Tucha, de 17, e o pequeno Hachi, o furão que vai completar dois anos em 2025. “Desde sempre tive e cresci com animais. Quando era mais nova, uma amiga tinha um furão e eu vi as fotografias. Queria muito ter um, mas a minha mãe não deixava. Até quis ficar com um que estava abandonado, há cerca de dois anos, mas mesmo assim, não pôde ser”, conta à NiS.

Nessa altura, Raquel ficou tão desanimada que a mãe, por fim, autorizou. A jovem seguia uma página de Facebook, chamada “Furões de Portugal”, há muitos anos, que tinha criadores. Foi, então, altura de reservar um furão que ainda nem existia: macho e sable, a raça de Hachi. Em maio de 2023, nasceu o pequeno mamífero, e, passado dois meses, Raquel foi buscá-lo ao Sintra Retail Park.

A primeira coisa que perguntou quando o viu foi como é que ia pegar nele. “Era super pequeno, muito fininho e comprido. Estivemos ainda parados ao pé do carro e ele estava agitado, a cheirar e a querer conhecer tudo. Meti-o ao pé do pescoço e acalmou. Depois, a aceitação foi tão grande, que acabou mesmo por adormecer no meu colo enquanto conversávamos” explica.

O verdadeiro desafio começou em casa. “Estava num habitat totalmente diferente e foi um processo de adaptação difícil, principalmente no que toca à socialização. Ele mordia imenso e com muita ganância. Ainda por cima, têm dentes parecidos aos dos gatos, e, por isso magoava muito”, revela.

Não existiu nenhuma fórmula mágica inventada que solucionasse o problema e corrigisse o comportamento de Hachi. O segredo foi mesmo dar amor e ter paciência. “Dei muito carinho e tive de ser persistente. Mesmo sendo mordida, pegava nele ao colo, e, para repreender, dizia ‘não’ e metia-o dentro da gaiola, para que percebesse que estava errado. Posso dizer que só há cerca de seis meses é que deixou de me morder, de todo”, elucida, acrescentando que a colocação do “implante hormonal, em agosto de 2024, também ajudou”.

O dorminhoco energético que adora esconderijos

É possível ser várias coisas ao mesmo tempo e Hachi é prova disso. Passa a maior parte do dia a dormir, cerca de “18 a 20 horas”, mas, quando está acordado, é muito energético e nunca está quieto. “Adora esconderijos e mantas farfalhudas. É por baixo delas que ele dorme. E há uma rotina com ele que é seguida todos os dias, praticamente, da mesma forma”, diz Raquel.

De manhã, antes de ir para o trabalho — Raquel é auxiliar de educação numa creche, em Paços de Arcos —, trata sempre dele. Limpa a gaiola (que tem quatro andares e cerca de um metro e meio de altura) e dá-lhe miminhos, enquanto come e bebe água. Para se entreter, tem vários brinquedos, incluindo um porta-chaves do Stitch. Quando chega a casa, Hachi tem um pressente e vai logo esperar à porta da gaiola. É solto e fica com Raquel, até hora de dormir.

Aos fins de semana, existe sempre o passeio obrigatório, que o pequeno furão “adora”. Os dois vão até ao jardim perto da Academia Militar ou ao café por debaixo de casa, onde as pessoas já perguntam por ele. Ainda assim, o sítio favorito de Hachi é mesmo a praia, onde “escava, faz buracos, corre e até vai para a água”. A zona balnear para onde vão, na zona de Algés, é mais reservada e usada principalmente para famílias com animais.

Raquel passeia Hachi com uma coleira e trela, para o deixar explorar livremente o terreno, e, claro, as pessoas ficam curiosas. “Perguntam, muitas vezes, se é um rato. Depois, questionam sobre a alimentação. Só os homens mais velhos é que o identificam facilmente, uma vez que os furões eram usados na caça no passado. Tiravam os coelhos da toca”, sublinha. Ainda assim, Bunny, a coelha de seis anos de Raquel, é o único animal com que Hachi não implica — até “lhe dá beijinhos”, ao contrário do mau feitio e das mordidelas que insiste em dar nos restantes.

Quanto à alimentação, Hachi deixou de comer carne, mas não é um fator preocupante porque, na ração, da marca Acana — igual à dos patês —, encontra os nutrientes e a proteína necessárias para se manter saudável. “Ele antes comia pintos inteiros, que eu descongelava de manhã. De um momento para o outro, deixou tudo. As codornizes, o frango, salmão, tudo”, refere a dona.

As idas ao veterinário são feitas, normalmente, de seis em seis meses, para um check-up, além das pipetas mensais que coloca mensalmente, tendo em conta os passeios exteriores. Mesmo com a alteração alimentar, não perdeu peso. Além disso, Hachi tem uma característica própria: nasceu com seis dedos numa pata, com tanta sensibilidade como todos os outros.

Outra das características dos furões é o cheiro “muito característico”. “Ao início fazia muita confusão e, com muitos banhos, isso pode até piorar. Uso um champô natural, de aloé vera, que também ajuda na oleosidade da pele, sendo que o implante também ajudou muito. Por isso, tento sempre dar banho só de três em três meses, menos quando ele faz porcarias e, por exemplo, rebola no próprio xixi”.

Apesar de todos os desafios, Raquel não pensou, por nenhum momento, desistir de Hachi. Até participou num meeting, no UBBO, em novembro, com mais dois furões, também da Amadora. Só que pelo feitio antissocial de Hachi, o convívio foi muito controlado.

Raquel tem uma conta de Instagram dedicada apenas ao furão, onde partilha alguns momentos, mas também dicas e curiosidades interessantes. “Criei a página para ajudar. Tive de informar-me ao máximo antes de o ter, para conseguir dar-lhe a melhor qualidade de vida que consegui. Fazia sentido começar a ter esses apontamentos na página, para dar esse auxílio às pessoas que, tal como eu, queiram um pequeno Hachi nas suas vidas”, conclui.

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