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Helena é um “catálogo de doenças”. O reiki dá-lhe forças para ajudar os outros

Venceu um cancro, tem duas próteses, sofre de espondilite anquilosante, usa andarilho e cadeira de rodas. Dá consultas há 20 anos.

“Fisicamente, tenho 100 anos, mas psicologicamente a minha idade é 30”, avisa Helena Jorge. Está sentada numa cadeira de rodas no terraço da sua casa quando recebe a New in Amadora. “Não há campainha. Entre no portão e venha para as traseiras. Estarei lá à sua espera”, explica a mulher de espírito alegre, de sorriso fácil e voz doce, que há 23 anos experimentou o reiki para aliviar as dores do sobrinho e descobrir a sua praia.

“Há coisas que não se explicam, que acontecem por acaso na nossa vida. Mas têm sempre um propósito. Vejo sempre a vida de forma positiva. Já sou velhota, mas acredite que não sinto a idade que tenho, apesar de todas as mazelas de que sofro”, afirma.

E são muitas. “Sou um verdadeiro catálogo de doenças”, conta Helena, que durante muitos anos viveu na Colina do Sol, mas que trocou “a prisão de um quinto andar” por uma casa térrea na fronteira entre o concelho da Amadora e o de Sintra.

Tem duas próteses na anca, “colocadas há 37 anos e que tinham um prazo de validade de 20”, superou um cancro da mama em 2000, sofre de espondilite anquilosante, uma doença inflamatória crónica que afeta principalmente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas, deu uma queda grave que a obrigou a um internamento durante cinco meses e voltou a cair dois anos mais tarde, fazendo uma rotura de ligamentos, que a deixou dependente do andarilho em casa e da cadeira de rodas, quando sai para o terraço ou para a rua.

Tinha tudo para ser uma pessoa amargurada, triste, infeliz e não sou. Sou uma mulher positiva, que procura tirar o melhor da vida, com um espírito alegre”, assegura, com um sorriso. Sentada no terraço, junto à sua horta, Helena vai desfiando a sua história com uma voz límpida.

Já chorei, gritei e sofri muito, mas o reiki ajudou-me a superar quase tudo e a encarar a vida de uma outra forma.” O acaso levou Helena a descobrir esta terapia alternativa — em que o terapeuta coloca as mãos sobre o corpo para canalizar energia vital do universo, de forma a equilibrar os centros energéticos (chakras) do organismo.

Conheci o reiki por uma questão de saúde de um sobrinho meu. Estava internado com montes de problemas não diagnosticados. Tinha sido operado quatro vezes aos intestinos, estava um bocado desesperado, E, nessa altura, uma amiga falou-me do reiki, a terapia através das mãos, da energia”, recorda.

A primeira vez 

Helena queria ajudar o sobrinho e foi fazer uma sessão para aprender de que forma poderia ajudar o sobrinho, oferecendo-lhe algo que a medicina não tinha. “Logo na primeira sessão, disse para mim: ‘ok, foi isto que procuraste a vida toda, vai em frente’”.

Depois dos “três primeiros níveis de reiki”, passou para a Karuna, “um sistema de cura complementar, baseado na energia da compaixão”, e para o Xamanismo, que “procura o equilíbrio entre o homem e a natureza”.

“Senti logo em mim também muitos benefícios. A partir do momento em que fui iniciada no primeiro nível de reiki, e que comecei a trabalhar em mim, fui-me libertando de uma dependência que tinha, o anti-inflamatório”, revela à NiA.

Hoje, apesar dos grandes problemas físicos que tem, garante não tomar anti-inflamatórios. “Consigo controlar a dor. Não quer dizer que não a sinta, de quando em vez, mas tornei-me um bocado imune.”

Helena recorda que chegou a falar com o seu ortopedista no Hospital Amadora-Sintra sobre os benefícios da sua descoberta. “Ele ficou muito admirado com o meu estado e como é que conseguia não tomar anti-inflamatórios. Expliquei-lhe que, a partir do momento em que comecei a ser iniciada em reiki, deixei de sentir necessidade dos medicamentos.”

A septuagenária “com cabeça de 30 anos” explica que “a ideia é alterar as energias negativas que toda a gente atrai”. “Estas energias negativas vão atacar a nossa aura, e a partir dela vão penetrando o nosso corpo físico. Por exemplo, a raiva é uma energia que vai afetar o fígado e pode provocar cancro”, garante, acrescentando que “isto não é crendice, é a realidade. Há estudos que o provam.”

Aos 72 anos, diz-se em paz. “Já chorei muito em terapia, já gritei muito. Já houve muita coisa aqui que teve de ser libertada para poder ajudar o outro. Ainda tenho uma longa caminhada pela frente. Comecei a praticar reiki em 2003, há mais de duas décadas.” Dois anos depois, estava a dar consultas.

“Já atendi céticos que saem daqui com outra cara, e digo-lhes ‘vejaao espelho’. Os olhos falam, as pessoas sentem-se mais leves. Às vezes, choram,  gritam, têm vómitos ou gases. Cada caso é um caso.”

Há 20 anos, antes de ter começado a dar consultas, trabalhava num escritório, “com papéis”. “Se era feliz? Bem, quando não se conhece mais mundo, não temos motivos para não sermos felizes. Quando descobri o reiki é que percebi isso”, conta à New in Amadora.

“Já fui uma grande bruxinha”

Normalmente, dá consultas emcausa, embora esteja a fazer uma pausa “por causa das mudanças”. Pretende, contudo, voltar rapidamente ao ativo. “Tenho muita gente a perguntar-me quando é que volto, e já tenho cinco pessoas em lista de espera”, garante, acrescentando que a terapia à distância “também funciona muito bem”. Os interessados podem marcar uma sessão pelo email (maria.hj@nullsapo.pt) ou por telefone (918 969 206).

“E não tem de ser necessariamente por videochamada. Combina-se a hora, em tal sítio, a pessoa está recolhida, de porta fechada, e eu estou em casa, a trabalhá-la e a enviar-lhe energia. E a pessoa melhora. Sinto o que se passa com o cliente do lado de lá. Em calhando, sou eu que acabou por vomitar, arrotar, chorar e sentir tudo o que o outro sente”, descreve.

As sessões não têm uma duração pré-definida. “Em média, duram uma hora, às vezes duas. Só quando estamos no final da primeira hora é que o cliente começa a libertar-se, e aí sim, começa o processo de cura. E não vou interromper a cura só porque chegou a hora”, explica. Por isso, não cobra à hora, mas por terapia. São 50€.

“Sei que nasci para isto, mas já fui muita coisa. Já fui uma grande bruxinha e também fui ‘curandeira’ em vidas anterioes”, resume Helena, que chegou a ter uma saboaria artesanal em Alfornelos, e a trabalhar em editoras de livros escolares.

“E ainda faço crochê. Sempre vendo mais alguma coisinha e faço um dinheirinho extra. É uma verdadeira terapia para mim”, conclui.

Carregue na galeria e veja mais imagens de Helena e descubra os benefícios atribuídos ao reiki.

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