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Histórica pastelaria Minabela volta à Amadora em homenagem ao fundador

Fundado em 1959, o grupo chegou a ter sete lojas. Agora, a filha quer honrar a memória do pai e abriu a primeira Minabela desta nova fase.
Aos 38 anos, Helena tem uma missão de vida.

Sessenta e cinco anos depois da primeira pastelaria Minabela ter sido fundada na Amadora por José Augusto Rebelo, a histórica marca está de volta, pela mão da filha mais nova, em homenagem ao pai e ao seu espírito empreendedor.

A nova Minabela está situada em frente ao Parque Delfim Guimarães, na Rua Elias Garcia, abriu a 8 de dezembro do ano passado, “e era um sonho antigo”, conta à New in Amadora, Helena Rebelo, 38 anos, a mais nova das filhas do “senhor Rebelo”, e que conta com o irmão, o único do mesmo pai e da mesma mãe, como “parceiro de aventura”.

O grupo Minabela chegou a ter oito pastelarias abertas na Amadora e na Linha de Sintra, mas a doença do fundador — “Ele morreu com Alzheimer, por volta de 2011. É uma data que eu não fixo, até porque ele foi morrendo aos poucos”, diz a filha — foi dizimando o grupo, fundado em 1959.

“Esta é a única Minabela que faz parte do grupo”, esclarece Helena, acrescentando que “há uma casa Minabela, na Mina de Água — na rua Luís Gomes — que foi a primeira que o meu pai fundou. Só que na altura, ele não registou o nome e quando adoeceu, a casa ficou para o sócio que, depois, a passou e os novos proprietários mantiveram o nome”.

A situação é pouco confortável para Helena. “Segundo me dizem, aquilo está um bocado velho, degradado, e até dá uma má imagem do grupo, mas é bom que as pessoas percebem que aquela Minabela não tem nada a ver com esta, não tem nada a ver com a família”, esclarece.

Já esta nova Minabela respira modernidade, com muita luz e bem decorada, mas mantém viva a memória do fundador. São vários, os quadros expostos nas paredes com recortes de jornais e fotografias antigas da inauguração das várias casas que o senhor Rebelo montou na Amadora e na linha de Sintra.

“Tenho um grande carinho por isto, por esta história. Tenho orgulho”, diz Helena, enquanto mostra os quadros e vai apontando para pormenores de notícias e de fotografias a preto e branco, então publicadas no “Jornal da Amadora” e no “Jornal de Sintra”.

É uma homenagem ao pai.

Recuperar a marca Minabela é quase “um imperativo de consciência” para Helena, que sempre soube que queria seguir o caminho do pai. “Gosto muito desta área, e não me via a fazer outra coisa. Ficou-me no sangue. Toda a luta que ele teve. Não me conseguiria imaginar fazer outra coisa, que não fosse seguir o legado dele. Para mim, é quase uma missão de vida”, afirma à New in Amadora.

A responsável afirma esperar chegar a comemorar os 100 anos da Minabela. “Eu ainda não tenho filhos, mas espero que os meus sobrinhos, filhos do meu irmão, possam seguir o trabalho do avô. É uma história de vida linda”, afirma.

“Os primos acharam que ele era louco”

José Augusto Rebelo nasceu em Vila Nova de Foz Coa, de onde veio com 13 anos para a Amadora. “Veio trabalhar para uma leitaria em 1945. Fazia entregas de bicicleta de coisas vendidas ao peso”, recorda a filha.

Entretanto, o seu espírito empreendedor fê-lo abrir, aos 19 anos, um primeiro negócio em parceria com os primos. “Era um café pequenino, que era o café Lobélia. Na altura ele teve de se emancipar para ser patrão, porque era só a partir dos 21 anos. Teve de pedir autorização à mãe”, conta Helena.

O negócio correu bem e Augusto não queria ficar por ali. “Ele queria abrir mais casas, mas os primos não, diziam que ele era louco, e ele decidiu avançar sozinho. Foi aí que nasceu a primeira Minabela, em 1959, a tal da Mina”.

Devagarinho, foi construindo o seu império. “Toda a vida dele foi a viver para as Minabelas. Chegou a ter oito casas abertas ao mesmo tempo. Teve aqui no parque Delfim Guimarães, onde é o BPI, que era uma casa que funcionava muito bem e onde se faziam casamentos e batizados, teve a Minabela da Reboleira. Aliás, o primeiro bowling do país foi na Minabela da Reboleira. E ainda havia duas lojas no Cacém, uma em Queluz e o Tirol de Sintra, que também fazia parte do grupo”, prossegue a filha.

Quando a doença o fragilizou, o senhor Rebelo começou a desfazer-se das lojas. “Ele entregava sociedade aos filhos e até a alguns empregados mais fiéis. Antigamente, as pessoas vestiam a camisola. Eu ainda tenho no grupo funcionários com 40 anos de casa”.

A queda do império Minabela e o virar de página

Helena nasce já com o grupo em desmoronamento. “Ainda se trabalhava muito bem, mas ele já estava doente e foi começando a passar as casas, outras fecharam. Eu fiquei com a Minabela em frente à estação do Cacém”, conta.

A sorte não lhe bateu à porta. “Fiquei com a casa em 2009 e, para minha infelicidade, em 2010 começaram as obras da Refer para a construção da nova estação do Cacém. Era para ser um ano. Foram quase cinco anos de obras, e eu fui obrigada a fechar a loja, porque a praça estava toda em obras, não havia clientes, ninguém podia estacionar. De repente, eu estava a faturar um décimo do que faturava, e fechei”.

Para a compensar dos prejuízos, foi-lhe dada uma loja no interior da estação. “Decidi mudar a página e abri a primeira Lobélia, de novo em homenagem ao meu pai, porque o primeiro negócio dele tinha sido a Lobélia da Amadora, com os primos”.

O grupo Lobélia, de que Helena é a CEO, tem agora cerca de 60 empregados e cinco casas: a Lobélia da estação no Cacém, a de Queluz, a da Reboleira, e em Lisboa, em frente ao Hospital de Santa Marta. Um quarteto a que se junta agora a nova Minabela, herdeira de um grupo com história na Amadora.

A nova pastelaria está aberta todos os dias e com fabrico próprio, que vem diariamente da casa de Santa Marta, onde está instalada a fábrica que fornece todo o grupo. Além da pastelaria e dos salgados, tem produção de bolos de aniversário, sempre dois pratos do dia, sopa caseira e um serviço de take away, em que o cliente pode levar para casa.

Carregue na galeria para conhecer melhor a nova Minabela.

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FICHA TÉCNICA

  • MORADA
    R. Elias Garcia 223, 2700-319 Amadora
    2700-319 Amadora

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