LET'S ROCKRita, 26 anos, e Tiago, 45, têm duas paixões que os unem: a música e os miúdos. Ela mora na Amadora, ele em Oeiras e conheceram-se quase por acaso. “Há muito tempo que eu tinha vontade de criar um projeto de bombos dedicado aos miúdos, até porque trabalho com animadora numa escola com ATL na Reboleira e sou percussionista há 16 anos. Entretanto, conheci o Tiago, mostrei-lhe o meu trabalho e ele perguntou-me: ‘Queres formar um grupo comigo?”. Assim nasceu o Tic-Tac-Bum.
Tiago Veiga é professor de música desde 2005. “Comecei por dar aulas ao terceiro ciclo, e agora mais dedicado a miúdos até aos 10 anos. Estudei ciências musicais, depois fiz a pós-graduação e o doutoramento, embora ainda tenha a tese por concluir e defender, em Ensino e Psicologia da música”, conta à New in Amadora.
Já Ana Rita Cunha fez o ensino regular. “Não estudei música”, esclarece. “Depois tirei um curso profissional de animação sóciocultural”. Começou a trabalhar com miúdos, fez um estágio com idosos — gostou de ambas as oportunidades, mas os mais pequenos falaram mais alto.
É na escola onde trabalha, na freguesia de Águas Livres, que tem desenvolvido um projeto de bombos — que os miúdos têm adorado. “Suscita sempre muita curiosidade.” Este interesse foi o rastilho que acendeu a vontade de se lançar num projeto musical. “O Tic-Tac-Bum está a nascer agora, ainda o estamos a divulgar, mas é uma coisa que achamos que tem muito potencial, até porque é diferente de tudo o que existe nas festas de aniversário dos mais novos, e envolve música, que os atrai muito”, acredita.
Ana Rita é a porta-voz do grupo, mas deixa claro que “tudo é feito em parceria”. “Ele é mais velho, tem mais mundo e tem uma experiência na música que é muito importante para mim. E eu tenho valências que ele não tem. Completamo-nos muito bem”, admite.
Tiago é multi-instrumentista, especialmente dedicado aos cordofones — guitarra, cavaquinho, viola braguesa — e percussões. “Atualmente, estou a concluir curso de animador musical na Casa da Música do Porto, onde aprendi a conduzir grupos grandes de músicos e não músicos, para preparar performances musicais”, conta.
Nos últimos tempos fez formações para “aprender a tocar adufe”, instrumento que querem incluir nas atividades do grupo.
Bombos da festa
Rita conta que o projeto “começou agora a gatinhar” e a divulgar o seu trabalho. “Ainda não fizemos qualquer festa, mas já temos tido contactos via redes sociais e marcações. Não temos espaço físico, portanto, somos nós que nos deslocamos aos locais das festas. Nem sempre iremos os dois, às vezes irei eu, outra irá ele, depende das nossas agendas”, explica Ana Rita.
O Tic-Tac-Bum tem três modalidades, “com valores diferentes, adaptados às idades dos miúdos e ao espaço disponível, para que os pais possam escolher o que consideram mais interessante.”
“Esses pacotes incluem dinâmicas de grupo, até porque tenho experiência em animação sócio-cultural. Vamos abordar ritmos tradicionais portugueses, porque queremos muito que eles percebam que não é só tocar no tambor e bombo porque é giro. É tocar porque tem sentido, porque faz parte das tradições portuguesas e da nossa cultura”, sublinha à New in Amadora, acrescentando que “será sempre uma coisa leve para os miúdos se divertirem”.
A proposta base chama-se Mini Tocadores. “Tem duração de uma hora e 10 minutos, e começa com as boas-vindas, perceber o que eles gostam, apresentar-lhe os instrumentos porque acreditamos que seja tudo novo para eles. Depois, fazem uma dinâmica de grupo, em que vão aprender os sons tradicionais da chula, do rufo e do malhão. E termina com uma apresentação aos pais”. O valor é de 135€ até 20 miúdos.
O segundo pack é premium e tem como nome Super Estrelas do Ritmo. Tem uma duração de uma 1h40m e, relativamente ao pacote base, acrescenta “mais uma dinâmica de grupo e tem oferta das tatuagens musicais”. Custa 150€ até 20 miúdos.
Finalmente, o pacote Aniversariante VIP – Ritmo é o meu nome do meio. “Tem duração de duas horas, por ser mais complexo, requer mais preparação. Tem o mesmo que o pack premium, a que juntam as pinturas faciais e musicais, além das tatuagens. No final, tem uma apresentação aos pais, em que o aniversariante é o maestro e comanda o grupo. E recebe um diploma de bom maestro”, diz Rita. Custa 185€ para um grupo de até 20 miúdos.
Apesar de essa ser uma decisão dos pais, a jovem percussionista recomenda que as festas sejam ao ar livre, “para os miúdos darem largas à sua imaginação. Acho que ninguém se vai assustar com o barulho, antes pelo contrário: vão ficar encantados, como me aconteceu quando era miúda”.
A culpa foi da avó
Na família de Rita não há antecedentes musicais. “Não tive atividade extracurriculares, nem ouvia música em casa. A culpada disto tudo foi a minha avó [risos]. Ela queria muito que eu começasse qualquer coisa ligada às artes, porque é pintora. Como a pintura não me chamou, decidiu arranjar-me outra atividade”, recorda.
O primeiro ensaio de bombo aconteceu aos 10 anos. “Ela achava que me ia cativar. E tinha razão. Levou-me ao primeiro ensaio, eu estava muito envergonhada, mas gostei tanto que nunca mais deixei de querer ir. Daí em diante, os meus avós sempre me levaram aos ensaios.”
Rita vivia com os pais, que trabalhavam ambos. Era a avó que puxava por ela nas artes. “Puxava e puxa. Tem 75 anos e continua a ter um grande orgulho em mim. Lembro-me perfeitamente: ia levar-me aos ensaios, ficava lá a fazer o seu croché e depois trazia-me.”
O que Rita conseguiu deve-o ao seu trabalho e talento, mas não esquece do empurrão inicial. “Se não fosse a minha avó a impulsionar isto, eu não estaria aqui”, conclui.
Agora, está pronta para mostrar o que sabe, com o amigo Tiago, e animar as festas de aniversários dos miúdos. Os interessados podem ligar para o 939 741 441.
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